Melhores salários, mais tempo de descanso e menos precariedade. Os líderes partidários a participar nas comemorações do 1º de Maio em Lisboa partilham os mesmos objetivos e até medidas para melhorar a vida de quem trabalha. “A luta faz-se todos os dias e os trabalhadores estão a fazer essa luta todos os dias nos locais em que trabalham, a exigir melhores salários e medidas contra a precariedade”, afirmou o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, durante o desfile da CGTP.

O PCP quer a riqueza que é criada pelos trabalhadores distribuída numa proporção maior por estes. “É uma necessidade e temos uma proposta de aumento do salário mínimo para mil euros ainda este ano”, defende o secretário-geral do PCP, apontando como exemplo os lucros das grandes empresas que mantêm trabalhadores com salários reduzidos.

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

O deputado comunista assinalou os “ritmos de trabalhos infernais, que dão cabo da vida às pessoas”, principalmente nos casos de trabalho por turnos. “Apresentámos ainda na semana passada uma proposta no Parlamento para minimizar os impactos do trabalho noturno”, apontou o deputado comunista.

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A líder bloquista Mariana Mortágua também marcou presença no desfile da CGTP, que partiu do Martim Moniz ao início da tarde desta quarta-feira. A coordenadora do Bloco de Esquerda considera que “o país cresce mais e melhor se for capaz de pagar melhores salários”, bem como “dar melhores condições de trabalho e mais estabilidade no emprego”.

Aponta dados divulgados esta quarta-feira que apontam que “em Portugal trabalha-se mais horas do que nos restantes países da Europa, os salários são inferiores à média da Europa e há mais precariedade e menos estabilidade do que em outros países”. A bloquista assinalou, assim, a necessidade de “se trabalhar menos horas”, para que exista “mais tempo para a família e lazer”.

Temido diz que não basta pouco desemprego e diz que é preciso “emprego de qualidade”

Marta Temido, cabeça-de-lista do PS às eleições europeias, lembrou que o partido é “trabalhista e revê-se na luta pelo trabalho digno e por um melhor trabalho”. Falou aos jornalistas no início do desfile do 1º de Maio na Alameda, em Lisboa, e considerou que a taxa de desemprego em Portugal é relativamente boa,  apontando, no entanto, que não basta ter emprego. “É preciso ter emprego de qualidade”, defendeu a socialista.

A ex-ministra da Saúde afirmou que na área da Saúde “foi feita muita coisa” nos oito anos de governação socialista. “A última foi a questão da dedicação plena para os médicos, um modelo que poderá ser aperfeiçoado mas que contribuiu para a fixação de pessoas ao SNS”, garantiu a candidata socialista às eleições do PS.

ANDRÉ DIAS NOBRE/OBSERVADOR

Sobre as demissões na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Temido afirmou esta quarta-feira que o caso representa “algo que é muito preocupante” tendo em conta o papel que a instituição tem para cumprir.

PAN quer trabalhadores com direito ao dia de aniversário. Livre insiste na semana de quatro dias

Inês Sousa Real entende ser “fundamental que se retome uma negociação em relação à valorização das várias carreiras”. A porta-voz do PAN, que esteve esta quarta-feira nas comemorações do dia do trabalhador, destaca a carreira dos enfermeiros, professores, bombeiros e polícias, os dois últimos que lutam pela atribuição do subsídio de risco equiparado ao dos profissionais da Polícia Judiciária.

A deputada única assinala ainda duas propostas do PAN, uma da dispensa no dia de aniversário do trabalhador e uma segunda que prevê que os trabalhadores “possam gozar de um feriado que calhe num fim-de-semana no dia útil imediatamente a seguir”.

A participar na manifestação da CGTP, na Avenida Almirante Reis, Rui Tavares criticou a falta de investimento em Portugal, sobretudo num período de excedentes orçamentais. No dia do trabalhador, não deixou de acenar uma das bandeiras do Livre, a implementação da semana de quatro dias.

“É preciso conhecer bem os dados, o teste [da semana reduzida] foi feito no privado e os resultados foram positivos, a produtividade aumentou ou manteve-se a mesma”, acrescentou, mencionando que ainda não conseguiu apurar se o novo Governo irá avançar com as próximas etapas que o estudo realizado previa, nomeadamente a implementação de testes de dimunuição da jornada semanal de trabalho na Administração Pública.

O porta-voz do Livre considera que o 1 de maio é um dia que “começou com uma batalha que ainda é muita atual que é pelo tempo — o tempo para a conciliação com a vida familiar, o tempo que nos sobra no final do dia de trabalho para a pessoa se educar, descansar e para poder trabalhar melhor e com mais produtividade, de uma forma mais saudável”.