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O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa disse nesta quinta-feira, em Cabo Verde, que a cooperação entre governos deve evoluir “sem travões”, quando questionado sobre ações concretas como a eventual restituição de património cultural às ex-colónias.
Numa conferência de imprensa conjunta, o chefe de Estado foi questionado pelos jornalistas sobre se as reparações que têm sido debatidas, além de uma cooperação mais ampla, podem incluir medidas mais específicas como restituição de obras.
“Há formas imaginativas” de cooperação que têm surgido no relacionamento entre Cabo Verde e Portugal, disse, dando a conversão de dívida bilateral em investimento climático, acordada em 2023, entre os dois governos, como um exemplo.
Era impensável chegar-se a uma conversão de dívida num fundo interno para investimento [em Cabo Verde]. Isto era impensável há um tempo atrás, até porque era muito novo à escala europeia e universal. E, portanto, não podemos colocar travões àquilo que venha a ser, em tempo oportuno, por parte dos governos, novos passos num caminho de cooperação”, disse.
Minutos antes, Marcelo Rebelo de Sousa havia referido, numa declaração inicial, que Portugal e Cabo Verde estão “sempre insatisfeitos” com a cooperação, procurando sempre “ir mais além, tendo noção das razões do passado que justificam os novos desafios do futuro”.
Marcelo Rebelo de Sousa disse que os dois países têm beneficiado de uma “conjugação virtuosa” de vontades entre governos e chefes de Estado de ambos os lados, que seguem os avanços que os dois povos desbravam em conjunto.
A cooperação bilateral intensa entre os dois países tem sido destacada nesta visita.
O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, recordou que o primeiro acordo de cooperação que Cabo Verde estabeleceu após a independência, “quando os cofres estavam vazios”, foi com Portugal, aos quais se seguiram mais acordos em todas as áreas da vida quotidiana, da saúde à educação.
“Cabo Verde e Portugal constituem nas suas relações uma enorme referência, porque assumimos como compromisso tudo fazer para nos curarmos das feridas do colonial fascismo“, disse o chefe de Estado cabo-verdiano, que desde terça-feira, em várias ocasiões, ao lado de Marcelo, tem feito questão de salientar a “excelência” das relações entre os dois países.
José Maria Neves disse esperar receber Marcelo no próximo ano, para as comemorações dos 50 anos da independência de Cabo Verde e o chefe de Estado português deu sinal de que estará de volta ao arquipélago com satisfação.
Marcelo Rebelo de Sousa cumpre nesta quinta-feira o último dia de visita a Cabo Verde, que teve o seu ponto alto na quarta-feira, com a cerimónia que assinalou os 50 anos da libertação dos prisioneiros do campo de concentração do Tarrafal.
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