A consultora Pangea-Risk considerou esta segunda-feira que os investidores estão mais confiantes na capacidade financeira dos países africanos para honrar os compromissos devido à consolidação orçamental e ao apoio dos programas do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A finalização com sucesso dos programas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e os esforços de consolidação sustentam a melhoria na perspetiva de evolução da dívida dos países africanos”, escrevem os analistas desta consultora britânica num relatório com o título Dívida Soberana Africana: Afastando-se do Abismo.
No documento, os analistas passam em revista as recentes emissões da Costa do Marfim, Benim e Quénia, que marcaram o fim de um afastamento de dois anos dos mercados internacionais, e apontam que outras grandes economias da África subsaariana, como Nigéria, África do Sul, Angola e Egito, deverão brevemente voltar a emitir dívida pública.
“Os governos que mostraram as suas credenciais de finanças públicas e políticas monetárias sãs vão colher os benefícios de um reavivado interesse dos investidores nos títulos africanos neste e no próximo ano”, escrevem os analistas no relatório, a que a Lusa teve acesso.
Assinado por Faisal Khan, da Acre Impact Capital, Robert Besseling, fundador e diretor da Pangea-Risk, e Bilal Bassiouni, analista nesta consultora, o artigo conjunto salienta a importância do regresso aos mercados e aponta os países do Golfo como um novo player na região, que procura investimentos e influência na África subsaariana.
As nações ricas do Golfo estão a surgir como credores alternativos de último recurso nalgumas partes do continente, como demonstrado pelo enorme resgate financeiro do Egito feito no início do ano pelos Emirados Árabes Unidos, havendo apoio já prometido da Arábia Saudita e do Kuwait”, escreve a Pangea-Risk.
“Os estados do Golfo estão a competir por influência regional e domínio económico nalgumas partes de África, tendo investido de forma notável na energia, infraestrutura, agronegócio, serviços financeiros e defesa”, acrescenta.
Com mais de 9 mil milhões de dólares, mais de 8,3 mil milhões de euros, de dívida que vence no próximo ano, a África subsaariana tem vindo a fazer vários exercícios de gestão da dívida, seja através de reestruturação, seja através de negociação direta sobre novos prazos de pagamento, como Angola fez com a China.
China diz que a negociação da dívida com Angola tem sido “amistosa”
No relatório, a Pangea-Risk conclui que “o regresso aos mercados de capitais em conjunto com a trajetória descendente da média das taxas de juro, dá aos países africanos uma oportunidade de reduzir os riscos em 2025 e 2026 de se envolverem em exercícios de dívida prudentes”, nomeadamente através de reuniões com os credores sobre um novo enquadramento nos pagamentos.
O FMI disponibilizou mais de 80 mil milhões de dólares (74,3 mil milhões de euros) a África desde 2020, entre financiamento e alocações de Direitos Especiais de Saque, tendo programas financeiros em 30 países, incluindo da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), à exceção de Angola e Guiné Equatorial.