Era ainda um título “virtual”, tinha todas as condições para ser um título real num par de dias. O Al Hilal de Jorge Jesus sentiu uma inesperada frustração de ver quebrada uma série para recorde mundial do Guinness de 34 vitórias seguidas, o que fez também com que falhasse a final da Liga dos Campeões da Ásia, mas nem por isso deixa de rubricar uma época acima de todas as expetativas, tendo ganho a Supertaça e estando na final da Taça do Rei diante do Al Nassr. Agora, voltava ao Campeonato. E 22 triunfos consecutivos depois, a vitória no jogo grande da ronda frente ao Al Ahli, terceiro classificado da prova, permitiria iniciar os festejos por mais um troféu, tendo em conta os 12 pontos de avanço a quatro jornadas do fim com vantagem entre os golos marcados e sofridos e no confronto direto com o Al Nassr. No entanto, faltava esse último passo.

Sete meses (e três penáltis) depois, a notícia é outra: Al Hilal de Jesus perde com Al Ain e quebra série de 34 vitórias para o Guinness

Os últimos encontros na Liga saudita mostravam que o Al Hilal não estava mesmo para facilitar, marcando sempre três ou mais golos e ficando com outros quantos por fazer entre goleadas que podiam ter ainda outra expressão. Agora estava pela frente outra mini constelação de estrelas, entre Firmino, Mahrez, Mendy, Saint-Maximin, Ibañez, Kessié ou Demiral. E se Jorge Jesus saía com tudo para fechar as contas entre Mitrovic, Milinkovic-Savic, Rúben Neves, Malcolm, Koulibaly, Bono e Michael, era do futuro do técnico que mais se falava, após ter contrariado as indicações da imprensa local que apontavam para a renovação de contrato.

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“O que disse é que que estamos prontos para qualquer adversário que tivermos de enfrentar. Não sabemos quando será disputada a final da Taça do Rei mas o meu contrato expira no dia 31 de maio. Quando a data for definida estaremos presentes. Não sei qual será o meu destino mas atualmente o meu foco está em conquistar títulos”, salientou o treinador português, congelando essa ideia de que iria continuar no Al Hilal.

O conjunto de Riade ainda vai defrontar fora o Al Nassr a contar para o Campeonato, naquilo que será uma espécie de teste para a final da Taça do Rei, mas era este duelo em Jeddah que funcionaria como teste inicial à possibilidade de acabar a prova sem qualquer derrota numa fase em que levava 27 vitórias e apenas dois empates em 29 partidas realizadas. Confiança, essa, não faltava, como se viu num vídeo que veio a público após o triunfo com o Al-Ittihad na final da Supertaça em que surgia a falar com Malcolm e a dizer que tinha virado o jogo em termos táticos. “Viste? Mexi nisto [substituições] e mudei esta m**** toda”, atirava, entre gargalhadas do brasileiro. Agora, voltou a ser dupla a sair por cima com novo triunfo com direito a reviravolta. Virtualmente, o Campeonato está ganho e a festa é uma mera questão de dias…

O Al Hilal começou melhor o encontro, com mais posse e mais jogo no meio-campo contrário, o Al Ahli foi sempre a equipa mais perigosa quando conseguia sair em transições até ao último terço. Foi assim que, após um remate por cima de Malcolm (2′), outro de Rúben Neves ao lado (8′) e um desvio de Michael na sequência de um livre lateral não cortado pela defesa contrária (11′), Mahrez surgiu ao segundo poste após um passe de Saint-Maximin e acertou no poste (13′). Foi assim que, depois de mais um lance em que Michael podia ter feito melhor e um livre em posição frontal de Malcolm que ficou na barreira, Feras Al Buraikan aproveitou um erro de Bono, a soltar a bola para a frente num remate de Saint-Maximin, e marcou o 1-0 (30′) que ficaria até ao intervalo, entre uma tentativa de Milinkovic-Savic às malhas laterais e um desvio de Mitrovic ao lado antes de mais oportunidades para o Al Ahli, que viu Saint-Maximin falhar o segundo golo isolado.

Sem mexer em jogadores, apesar da forma como Mahrez fazia o que queria de Renan Lodi, Jesus tentou só alterar dinâmicas em busca de um golo que reabrisse a partida e o mesmo não demorou a chegar no arranque do segundo tempo, com Malcolm a fazer o que quis de Ibañez antes de cruzar para o desvio de cabeça de Mitrovic (52′). Daí para a frente houve um pouco de tudo entre oportunidades falhadas e um golo anulado mas o grande momento do encontro estava ainda reservado para o minuto 90, quando Malcolm recebeu no corredor de Rúben Neves, ligou o acelerador, passou tudo o que lhe aparecesse de lado ou de frente e, isolado frente a Mendy, desviou a bola do antigo guarda-redes do Chelsea para selar a reviravolta.