A ministra da Administração Interna justificou esta terça-feira a aposta num “novo homem” para dirigir a Polícia de Segurança Pública com a “reestruturação profunda” que o Governo quer fazer na PSP.

Em declarações aos jornalistas, Margarida Blasco disse que a exoneração na segunda-feira de José Barros Correia do cargo de diretor nacional da PSP está relacionada com “a profunda reestruturação da PSP”.

“Apostamos num novo homem para fazer esta alteração”, precisou a ministra, no final da cerimónia que assinalou os 16 anos da Unidade Especial de Polícia (UEP).

O novo diretor nacional da PSP é Luís Carrilho, atual comandante da UEP, e foi indigitado pela ministra na segunda-feira.

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Governo demite diretor nacional da PSP e nomeia Luís Carrilho como sucessor

Margarida Blasco afirmou que o Governo vai fazer “uma reestruturação operacional e reorganizar todo o dispositivo da PSP no sentido de responder a novas ameaças e compreender os fenómenos que estão a acontecer em vários centros urbanos”.

“Convidei Luís Carrilho para comandar e estar connosco neste projeto que o Governo expôs no seu programa eleitoral”, disse, sem explicar os motivos da exoneração de José Barros Correia, que estava no cargo desde setembro de 2023.

Numa mensagem enviada a todo o efetivo da PSP na segunda-feira, José Barros Correia atribuiu o seu afastamento do cargo à “exclusiva iniciativa” da ministra da Administração Interna e referiu que vai agora para a pré-aposentação depois de 40 anos na PSP.

Sobre José Barros Correia, a governante apenas disse que “honrou com toda sua humanidade, lealdade a PSP”, mas “neste momento há um novo projeto” e o Governo conta com Luís Carrilho “para fazer uma reestruturação da PSP de um modo consequente e célere”.

Questionada sobre qual a reestruturação que o Governo vai fazer na PSP, Margarida Blasco referiu que se trata de “reequacionar o dispositivo no território nacional”, investir no programa Escola Segura, medidas de segurança urbana e policiamento de proximidade, que passam em pôr “mais homens e mulheres nas ruas no sentido de haver maior prevenção e visibilidade”.

A ministra afastou igualmente que José Barros Correia tenha sido afastado do cargo por ter defendido várias vezes melhores salários para os polícias e que deviam passar a receber um suplemento idêntico ao da Polícia Judiciária.

“A questão do suplemento de risco está em negociação com os sindicatos e não tem a ver com a reestruturação da polícia. Como qualquer negociação tem avanços e impasses, mas estou certa que vamos chegar a uma boa solução”, disse.

No discurso, a ministra destacou o currículo de Luís Carrilho, considerando que “é a pessoa certa no lugar certo” para comandar e apoiar as necessidades e anseios dos polícias e para dirigir os destinos da PSP.

Enquanto discursava como comandante da UEP, Luís Carrilho falou sobre a recente indigitação para o cargo de diretor nacional e deixou um apelou aos polícias: “Espero também sempre a vossa dedicação incondicional à causa pública dentro da legalidade e na defesa intransigente do nosso maior capital que são os cidadãos e a pátria”.

Na cerimónia de aniversário da UEP, José Barros Correia não esteve presente, fazendo a direção nacional da PSP representar-se pelo diretor nacional adjunto, Paulo Lucas.