O filho do Presidente da República, Nuno Rebelo de Sousa, foi substituído na liderança na Câmara Portuguesa de Comércio de São Paulo, avança a CNN/TVI esta quinta-feira. A informação pode ser confirmada a partir da página de Linkedin da instituição, onde é anunciada a tomada de posse da nova presidente, Karene Vilela, que terá assumido funções a 25 de abril. Já Nuno Rebelo de Sousa, segundo a mesma fonte, comunicou a sua demissão a 18 de abril, sendo alegadas razões profissionais após uma reunião com conselheiros do órgão.

“A partir do último mês de abril, Karene Vilela tomou posse como a nova presidente da Câmara Portuguesa, tornando-se assim a primeira mulher presidente da instituição”, lê-se na comunicação da Câmara na rede social citada, onde se assinala que Karene atuava até agora como vice-presidente e como presidente do Comité da Mulher Empreendedora e Cultura da Câmara.

Marcelo cortou relações com o filho por causa do caso das gémeas brasileiras: “É imperdoável”

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No site da Câmara de Comércio, Nuno Rebelo de Sousa surge ainda como presidente da instituição, sem que a informação da mudança de cargo tenha sido atualizada. Na página de Linkedin de Nuno Rebelo de Sousa, o cargo de presidente da Câmara Portuguesa de Comércio em São Paulo surge com o percurso finalizado, entre 2019 e 2024, pelo período de cinco anos, e em reduzido destaque em relação aos restantes cargos do filho do Presidente da República, que é, até ao momento, diretor de Marketing da EDP Brasil.

Nuno Rebelo de Sousa saiu a meio do mandato, em abril, na mesma altura em que Marcelo Rebelo de Sousa confirmou ter cortado relações com o filho num jantar com jornalistas estrangeiros. Na origem do desentendimento familiar esteve o caso das gémeas brasileiras que foram tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e a quem foi administrado o medicamento Zolgensma. “É imperdoável, porque sabe que tenho um cargo público e político e pago por isso”, disse o Presidente da República nessa ocasião.

O afastamento dos dois terá começado, no entanto, ainda antes de ter ficado conhecido o caso das gémeas. Segundo o jornal Correio Braziliense, Marcelo contou, também durante o jantar, que, numa das visitas do Presidente ao Brasil, Nuno Rebelo de Sousa marcou um encontro com políticos brasileiros. O objetivo do filho seria, segundo Marcelo, mostrar que tinha influência junto do Governo português — coisa que não agradou ao chefe de Estado.

“Expliquei a um antigo Presidente brasileiro, a presidentes de partidos, governadores que, se eu aceitasse que ele fosse, eles ficariam convencidos de que a melhor maneira de se chegar até a mim era através do filho. E o filho ficaria convencido de que a melhor maneira de chegar até eles era através de mim”, contou ainda. E concluiu: “Isso veio pouco meses antes das gémeas, o que mostrou o acerto da minha decisão [de romper com o filho]”.

Mais tarde, quando questionado sobre o tema, Marcelo Rebelo de Sousa lamentou que o filho tenha “tomado iniciativas que devia ter comunicado previamente ao pai, enquanto Presidente da República” e admitiu que existe sente mágoa pelo estado da relação com o filho, com quem não mantém um contacto regular. “Não falo em geral, não falo, ponto”, garantiu, reconhecendo que sente “muita mágoa pessoal”, mas que não é o responsável pela situação.