A UNICEF apelou esta segunda-feira a um financiamento de 83 milhões de euros para a sua resposta de emergência destinada a 1,34 milhões de pessoas, nomeadamente 866.000 crianças, afetadas pelo fenómeno meteorológico El Niño no Zimbabué.

“Este financiamento irá proporcionar intervenções que salvam vidas a 1,34 milhões de pessoas, incluindo 866.000 crianças, no meio de uma crise humanitária complexa exacerbada pela escassez de água e alimentos”, declarou esta segunda-feira o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em comunicado.

O Zimbabué, que faz fronteira com Moçambique, está a viver uma situação de emergência provocada pelo El Niño, que afeta gravemente as crianças com menos de cinco anos, as mulheres grávidas e lactantes e os adolescentes, destaca este organismo da ONU.

“Os desafios criados pelo El Niño no Zimbabué surgem numa altura em que o país se vê também confrontado com emergências de saúde pública relacionadas com a cólera e a poliomielite, colocando o Zimbabué numa crise humanitária complexa e multidimensional”, indicou.

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A seca induzida por este fenómeno meteorológico está a criar numerosos problemas de saúde que prejudicam as crianças, como surtos de doenças infecciosas e respiratórias e níveis crescentes de subnutrição, enumerou.

A pobreza está a aumentar, assim como a vulnerabilidade das famílias, o risco de abandono escolar, de violência, abuso e exploração das crianças, referiu.

“Estamos particularmente preocupados com a vulnerabilidade das crianças nesta emergência atual”, declarou o representante da UNICEF no Zimbabué, Nicholas Alipui, citado no comunicado.

“A diminuição do acesso à água potável e uma dieta pobre aumentam o risco de desnutrição e de doenças diarreicas entre as crianças”, acrescentou Alipui.

O financiamento ajudará a mitigar a mortalidade infantil, a prevenir a desnutrição e a melhorar o acesso à água, a garantir a aprendizagem contínua das crianças e a protegê-las contra o abuso e a exploração, concluiu Alipui.

Os efeitos da atual seca continuarão a ter impacto na nutrição das crianças durante o próximo ano, uma vez que a produção e as reservas alimentares ao nível dos agregados familiares ficarão gravemente comprometidas, realçou a UNICEF.

Este ano, a época das chuvas, que habitualmente vai desde março a maio e afeta todo o leste de África, foi intensificada pelo fenómeno meteorológico El Niño, uma alteração atmosférica causada pelo aumento das temperaturas da água do Oceano Índico.