O presidente do VOX, Santiago Abascal, organizou, juntamente com a família europeia dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), um evento que reúne os principais rostos da direita radical no mundo. Este domingo vão discursar o líder do Chega, André Ventura, a ex-candidata presidencial francesa, Marine Le Pen, o ex-primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, e ainda uma espécie de convidado de honra: o chefe de Estado da Argentina, Javier Milei.

O Presidente argentino está em Espanha há dias e encontrou-se com Santiago Abascal e alguns investidores espanhóis, incluindo grandes empresas, para os convencer a investir no país. Fora da agenda ficou um encontro com o Rei Felipe VI e com o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, que mantém relações tensas com Javier Milei. A menos de um mês das europeias, o evento também está a ser aproveitado para recordar os principais pontos da campanha dos partidos mais à direita: a proteção das fronteiras, os direitos dos agricultores e a soberania das nações europeias.

Quem aproveitou para criticar o evento foi o chefe do governo espanhol, apelidando-o de “internacional de extrema-direita”. Pedro Sánchez disse que os membros daqueles partidos escolheram Espanha, porque representa “como sociedade tudo o que eles detestam e odeiam”, como o “feminismo, a justiça social, a dignidade laboral, um Estado de bem-estar forte e a democracia”.

Noutro extremo político, as críticas também se teceram contra as políticas de esquerda. No lançamento do seu livro O Caminho do Libertário na sexta-feira, Javier Milei caracterizou o socialismo como uma “fraude intelectual e um horror em termos humanos”. “Não deixemos que o lado escuro, negro, satânico, atroz, terrível, cancerígeno nos vença”, afirmou.

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Nos dias em que esteve em Madrid, o Presidente da Argentina esteve por mais do que uma vez reunido com Santiago Abascal, a quem chamou de “amigo” e de “um grande ser humano”: “Tenho de ser agradecido. Quando ninguém me queria, o único que me abraçou foi Santiago Abascal”. “Portanto, era um imperativo moral participar no evento”, assinalou Javier Milei.

O evento que vai juntar Ventura, Le Pen e até Meloni e Orbán (mas à distância)

O “Europa Viva” começou na sexta-feira e foi organizado em parte pelo grupo europeu dos conservadores e reformistas, do qual o VOX, o PiS (partido polaco Lei e Justiça) e os Irmãos de Itália (da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni) fazem parte. O evento contou com excursões turísticas e também mesas redondas; um dos temas discutidos numa delas foi, no Museu do Prado, a “rica herança europeia”.

Mas é este domingo, desta vez no Palácio Vistalegre, que todos os líderes da direita radical vão discursar. Vão marcar presença não só os membros da família europeia ECR, como Santiago Abascal, Mateusz Morawiecki e até Giorgia Meloni, que falará por videoconferência, como também rostos dos partidos que integram a família política da Identidade e Democracia, (ID) como Marine Le Pen ou André Ventura. Expulso do Partido Popular Europeu desde 2021, Viktor Orbán, do Fidesz, também discursará à distância.

Na sua conta pessoal do X (antigo Twitter), André Ventura publicou um vídeo, às 18h44, a anunciar que já estava em Madrid e a confirmar a presença na “reunião com toda a direita mundial”. O objetivo? “Lutar contra o socialismo e o globalismo.”

Fora do contexto europeu, farão parte do painel Javier Milei, José Antonio Kast, ex-Presidente chileno e ainda o ministro israelita de Assuntos da Diáspora e do Combate ao Antissemitismo, Amichai Chikli, que pertence ao Likud, partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.