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A direção da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) informou que não haverá aulas esta manhã no edifício ocupado por estudantes em protesto contra a manutenção das relações entre a academia e Israel.
Em comunicado à 00h05, a direção informa que devido à “ocupação de parte das instalações” do departamento de Ciência de Computadores (DCC) na segunda-feira, essa parte do edifício “estará encerrada de manhã”.
“Assim, não irão decorrer quaisquer atividades académicas, incluindo aulas ou avaliações, dentro do edifício FC6, até a direção da FCUP dar novas indicações. Até lá, não será permitido o acesso ao edifício”, lê-se no comunicado assinado pelo diretor do DCC, Alípio Jorge.
No final do quinto dia de protestos, no interior da faculdade, nomeadamente nos corredores, escadas e em pelo menos uma das salas, mantinham-se cerca de 25 estudantes, num cenário que, a continuar até de manhã, impossibilita o normal decurso das aulas.
Médio Oriente. Cerca de 100 estudantes prosseguem protesto em faculdade do Porto
A ocupação do espaço aconteceu após a chegada de cinco agentes da PSP ao edifício, chamados pela diretora da faculdade depois de a última reunião com os estudantes ter falhado uma tentativa de acordo, da parte de estudantes, para uma cisão da academia com o Estado de Israel, e, da parte da faculdade, para que abandonassem os jardins onde protestam desde quinta-feira.
Cerca de uma centena de pessoas continuavam às 00h00 desta terça-feira concentradas no jardim da FCUP, em protesto contra a manutenção das relações entre a academia e o Estado de Israel.
O protesto teve o primeiro momento em 8 de maio, quando cerca de meia centena de estudantes exigiram diante da reitoria da UP o corte de relações entre a academia e o Estado de Israel.
Na quarta-feira os estudantes concentraram-se na Faculdade de Belas Artes e decidiram prosseguir com o protesto na Faculdade de Ciências, onde colocaram tendas de campismo para se abrigarem durante a noite, rodeadas de bandeiras da Palestina, velas e faixas com frases como: “Solidariedade proletária por uma Palestina Livre”, “Israel não é uma democracia, Israel é um país terrorista” e “A revolução começa aqui”.
A ação faz parte da luta internacional de protesto estudantil que se iniciou em universidades norte-americanas e já se estendeu a instituições de ensino superior em várias cidades europeias, do Canadá, México e até Austrália, a exigir o fim da ofensiva israelita na Faixa de Gaza.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou acima de 35 mil mortes, na maioria civis, de acordo com as autoridades locais controladas pelo Hamas, e deixou o enclave numa situação de grave crise humanitária.