O realizador americano Morgan Spurlock, conhecido pelo documentário sobre a McDonald’s, morreu na passada quinta-feira, vítima de cancro, em Nova Iorque.  A morte já foi confirmada pela família.

“Foi um dia triste, dissemos adeus ao meu irmão Morgan. Morgan deu muito através da sua arte, ideias e generosidade. O mundo perdeu um verdadeiro génio criativo e um homem especial. Estou tão orgulhoso de ter trabalhado com ele”, disse o seu irmão, Craig Spurlock, citado pelo The Guardian.

Morgan Spurlock nasceu a 7 de novembro de 1970, em Parkersburg, nos Estados Unidos da América e morreu esta semana, aos 53 anos. Durante o seu percurso, candidatou-se três vezes à Universidade do Sul da Califórnia, mas nunca foi aceite. Acabou por se licenciar em 1993, na Universidade de Nova Iorque.

O realizador ganhou fama pelo documentário Super Size Me – 30 Dias de Fast Food, para o qual comeu McDonald’s todos os dias durante um mês, captando o impacto deste tipo de alimentação na sua saúde física e mental. Este trabalho valeu-lhe uma nomeação para o Óscar de Melhor Documentário em 2004.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para realizar o documentário, Morgan Spurlock começou também a fazer menos exercício, de forma a corresponder à média de atividade física feita pelos norte-americanos. Face à alteração do seu regime alimentar em virtude do documentário, Spurlock ganhou mais de 11 quilos e acabou também por sofrer de depressão e de problemas de fígado.

O trabalho do norte-americano não só lançou o debate sobre os problemas associados ao consumo regular de fast food, como levou o próprio McDonald’s a deixar de vender a porção gigante de alguns menus.

[Já saiu o segundo episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio.]

A carreira de Morgan Spurlock foi também marcada pelo documentário OneDirection: This Is Us, divulgado em 2013. Este documentário, em 3D, dava acesso a um lado mais “íntimo” dos cinco cantores que compunham a banda britânica: Louis Tomlinson, Harry Styles, Liam Payne, Niall Horan e Zayn Malik. O grupo formou-se em 2010 e ganhou fama por todo o mundo, mas separou-se seis anos depois.

Mas não fica por aqui. O americano realizou também Onde está Osama Bin Laden?, em 2008. O documentário tinha como objetivo responder a uma das perguntas que mais atormentava os Estados Unidos (antes de ser morto pelas tropas deste país, em 2011).

Em 2017, quando o movimento #MeToo ganhou força, Morgan Spurlock reconheceu ser “parte do problema”. O norte-americano assumiu que tinha sido acusado de violação anos antes, quando estava na universidade, apesar de não ter sido apresentada qualquer queixa nem ter sido aberta qualquer investigação.

O realizador partilhou ainda que pagou à sua assistente para que esta não avançasse com uma queixa por assédio laboral em virtude de alguns comentários que lhe dirigia. “Quando ela decidiu demitir-se, disse-me que, se não lhe pagasse, ia contar a toda a gente. Sendo quem era, essa era a última coisa que queria, portanto, obviamente, paguei. Paguei para ter paz de espírito. Paguei pelo seu silêncio e cooperação. Acima de tudo, paguei para poder continuar a ser quem era”, admitiu na época o realizador.