O Reino Unido está em contagem decrescente para o que promete ser o casamento e evento social do ano. O cenário vai ser a Catedral de Chester, no interior de Inglaterra e bem a norte de Londres, mas é para lá que a nata da alta sociedade britânica vai rumar para assistir ao casamento de Hugh Grosvenor, o 7º duque de Westminster, com Olivia Henson no próximo dia 7 de junho. O príncipe William vai estar presente, mas o príncipe Harry terá ficado de fora da lista de convidados para evitar um drama familiar e real que ofuscasse a festa.

Os noivos conheceram-se em 2021 quando foram apresentados por amigos em comum e, depois de dois anos de namoro, o duque pediu a sua amada em casamento na casa de família, Eaton Hall. O anúncio do noivado chegou à comunicação social em abril de 2023 com uma fotografia dos dois muito casual e descontraída, que vemos na abertura deste artigo. Mas se o casal prima pela discrição e simplicidade importa lembrar que a família Grosvenor tem fortes laços com a família real e que o jovem duque é, aos 33 anos, um dos homens mais ricos do seu país, amigo pessoal dos príncipes William e Harry e padrinho de batismo do príncipe George. Da lista de convidados reais aos pormenores da boda, passando por um pouco de história, aqui fica o que sabemos sobre este casamento.

Quem são os noivos?

Hugh Grosvenor, Hughie para os amigos, nasceu a 29 de janeiro de 1991, tem 33 anos e é um dos homens mais ricos da Grã-Bretanha. É o terceiro de quatro filhos, o único rapaz e o último a casar. Tem duas irmãs mais velhas, lady Tamara e lady Edwina, e uma mais nova, lady Viola. Como o pai foi vítima de bullying na escola, quis que os filhos estudassem por perto da família e o jovem duque estudou em escolas locais até ir para a universidade de Newcastle onde se dedicou à gestão rural. Depois da faculdade, juntou-se ao negócio da família e esteve a trabalhar em locais como San Francisco e Hong Kong É amigo dos príncipes William e Harry e padrinho de batismo dos primogénitos de ambos, ou seja dos príncipes George e Archie, e é também afilhado do Rei.

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Os pais são os anteriores duques de Westminster, Gerald Grosvenor e Natalia Phillips. Em 2016, quando o pai morreu subitamente com um ataque cardíaco, herdou o título, tornando-se o 7º duque de Westminster aos 25 anos, e o grupo que gere as propriedades da família. Ainda este mês de maio o jornal Sunday Times publicou a lista das pessoas mais ricas do Reino Unido e lá estava Hugh Grosvenor como a pessoa mais rica do país com menos de 40 anos e com uma fortuna avaliada em mais de 10 mil milhões de libras (mais de 11 mil e 700 milhões de euros), embora o mesmo jornal tenha dado conta da perda de milhões no ano passado.

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Hugh Grosvenor e o príncipe William em 2018

A mãe é uma aristocrata britânica com ascendência russa, mais especificamente na família imperial Romanov e no escritor Alexander Pushkin. É madrinha de batismo do príncipe William. Gerald Grosvenor, o anterior duque, morreu em agosto de 2016 aos 64 anos. Na altura era o 68º homem mais rico do mundo e o terceiro do Reino Unido. Nasceu na Irlanda do Norte, onde viveu nos primeiros anos de vida. Ele próprio tornou-se duque de Westminster em 1979, aos 27 anos, quando o pai morreu. Onze anos antes tinha sido surpreendido por jornalistas à porta da escola porque o duque de Westminster à época, o seu tio, tinha morrido. Segundo o próprio, os estudos não eram uma prioridade, na verdade interessava-lhe mais o futebol e chegou a prestar provas no Fulham, mas o pai disse que a carreira desportiva não era adequada para um aristocrata, e também se interessou pela carreira militar. Viria a trabalhar em ranchos na Austrália e no Canadá antes de ir aprender gestão de propriedades. Pertenceu ao Partido Conservador até decidir sair em 1993.

Conhecido por dizer o que pensa, chegou a confessar que “preferia não ter nascido rico”. Gerir o negócio da família e fazer cerca de 500 aparições públicas por ano valeu-lhe uma depressão e um esgotamento nervoso na década de 1990. Orgulhava-se de fazer uma gestão responsável da sua riqueza e de apoiar as áreas rurais com ligações à sua propriedade. Também fazia doações para mais de 1500 organizações, presidiu ao Instituto Nacional para Pessoas Cegas durante 25 anos e à organização de primeiros socorros St. John Ambulance durante uma década. Foram doados ainda mais de 50 milhões de libras (quase 59 milhões de euros) para o Centro Nacional de Defesa e Reabilitação para militares e o filho acrescentou recentemente mais 20 milhões de libras. A riqueza da família vem desde o século XVII, quando em 1677 sir Thomas Grosvenor casou com Mary Davies, que além de ter 12 anos tinha uma herança de vários terrenos no que é agora o centro de Londres, conta o New York Times.

A lista de propriedades de Grosvenor inclui terras em Oxfordshire, Cheshire, Lancashire, Escócia e Londres — no centro da capital, nas cobiçadas zonas de Mayfair, Park Lane e Belgravia, incluindo a vizinhança do Palácio de Buckingham. O Grosvenor Group tem ainda investimentos em mais de 60 cidades do mundo.

A noiva chama-se Olivia Henson e tem 31 anos. A futura duquesa de Westminster estudou no Marlborough College, o mesmo que Kate Middleton também frequentou. Depois continuou com estudos hispânicos e italianos em Dublin, no Trinity College. Já no mercado de trabalho esteve na Daily Dose, uma empresa de bebidas sustentáveis, especializada em “cold-pressed juices”, ou seja, feitos com uma técnica de pressão lenta para manter o conteúdo nutricional dos ingredientes. Recentemente era senior account manager na Belazu, uma empresa que vende ingredientes para culinária que são produzidos de forma sustentável no Mediterrâneo e no Médio Oriente, segundo conta o jornal The Times. Também criou a Regenerative Honey Company, na propriedade do futuro marido, e como o nome indica tem por base o mel.

O que já se sabe do casamento?

Serão dois dias de celebrações e a sustentabilidade será uma das bandeiras deste casamento. A cerimónia vai acontecer na Catedral de Chester, espaço de culto com o qual a família tem uma longa relação, no dia 7 de junho, e terá cerca de 400 convidados. Depois haverá uma receção em Eaton Hall, a propriedade da família Grosvenor. No dia seguinte o casal irá oferecer outra receção, mas desta vez apenas a pessoas mais próximas dos noivos. As festas estão a ser preparadas com grande secretismo, pelo que não há ainda pormenores.

A última vez que Grosvenor deu uma grande festa em casa foi em 2012 para celebrar o seu 21º aniversário. Na altura as celebrações sob o tema “black tie e néon” incluíram atuações da dupla de hip-hop Rizzle Kicks e do comediante Michael McIntyre e ainda o príncipe Harry entre os 800 convidados.

Os noivos decidiram que não querem presentes e, no que toca à sustentabilidade, a noiva quer manter-se fiel aos seus princípios, por isso a comida e as flores do casamento vão ser locais ou regionais, tanto quanto possível, e depois das celebrações as flores vão ser dadas a instituições de solidariedade locais.

Segundo a imprensa, algumas lojas e restaurantes perto da Catedral vão estar fechados no dia do casamento por motivos de segurança e acesso, mas fontes próximas da família afirmam que será dado apoio “a organizações e negócios que sejam diretamente afetados pela pegada do evento e a quem que está a trabalhar arduamente para ajudar a concretizar os planos”, cita o Times.

No início do mês de maio os noivos fizeram um roteiro e visitaram várias associações de solidariedade na localidade de Chester e revelaram que depois do casamento os noivos vão trocar a capital pela casa da família onde será o casamento. “Vamos construir a nossa vida juntos e estamos a mudar-nos lentamente de Londres e estamos aqui de forma muito mais permanente e a criar raízes”, disse Olivia citada na Tatler. Já o noivo aproveitou para agradecer o apoio. “Estou incrivelmente entusiasmado e também queria deixar muito claro quão inacreditavelmente  prestáveis as pessoas têm sido, quão acolhedoras têm sido até agora, pelo que eu estou muito grato porque eu tenho noção de que vai ser algo muito muito grande para a cidade.”

Quais os membros da família real que foram convidados ?

A relação entre o clã Grosvenor e a família real é próxima. A Rainha Isabel II e os príncipes William e Harry foram convidados do casamento da irmã mais velha de Hugh em novembro de 2004. O noivo é afilhado de batismo do Rei, e até teve um papel na procissão que acompanhou Carlos e Camila no dia da coroação em maio de 2023, contudo o soberano não irá assistir ao casamento por causa dos seus tratamentos para o cancro que lhe foi diagnosticado há uns meses. Vale a pena também lembrar que em 2004, quando a irmã mais velha do atual duque se casou, Carlos e Camila foram convidados, mas recusaram ir porque o protocolo não os deixava sentar juntos. Uns meses mais tarde anunciariam o seu próprio noivado.

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O duque de Westminster no casamento do príncipe Harry com Meghan Markle, em maio de 208

O noivo é amigo próximo dos príncipes William e Harry, contudo apenas um dos irmãos tem presença confirmada no casamento. Segundo o jornal The Times avançava no dia 18 de maio, o príncipe William não só vai estar presente na cerimónia, como assumirá o papel de anfitrião. Em relação a Kate não há uma confirmação oficial, mas tendo em conta a ausência da princesa de Gales da vida pública desde janeiro, em especial desde que anunciou que iria fazer um tratamento preventivo para cancro no passado dia 22 de março, o mais provável é que não marque presença neste evento.

Nos dois dias que antecedem este casamento, ou seja a 5 e 6 de junho, a família real vai participar numa série de celebrações do 80º aniversário do Dia D, o desembarque na Normandia. Enquanto no dia 5 de junho os eventos têm lugar em Portsmouth, no Reino Unido, no dia 6 os reis e o príncipe William vão marcar presença na Normandia, na costa norte de França, onde o British Normandy Memorial tem morada em Ver-sur-Mer.

Em dezembro do ano passado o Times noticiava que a lista de convidados incluía o Rei, a rainha e os príncipes de Gales, deixando contudo de fora os duques de Sussex de forma a evitar um reencontro incómodo entre os membros da família que vivem relações tensas. Segundo o mesmo meio, o noivo queria que Harry e Meghan estivessem presentes no casamento, mas acabou por decidir não os convidar para que não ofuscassem a cerimónia e não causassem tensões com os outros membros da família. Um porta-voz do duque de Westminster disse na altura que não estavam “numa posição para comentar a lista de convidados”. O duque de Westminster será um dos poucos amigos em comum dos dois irmãos que conseguiu manter relação com ambos depois destes se terem desentendido, mas parece que não será desta vez que vamos ver os duques de Sussex regressar à vida social no Reino Unido.