O ministro da Defesa, Nuno Melo, assistiu esta quinta-feira a uma demonstração militar do Corpo de Fuzileiros da Marinha, destacado em missão da NATO na Lituânia, e realizou vários disparos no final do exercício com diversas armas automáticas.

A demonstração decorreu em Kiariai, na Lituânia, onde o Corpo de Fuzileiros mantém um destacamento de 146 elementos, com a missão de dissuadir ameaças no flanco leste da NATO, através de uma presença militar contínua.

No final da demonstração, em que os fuzileiros usaram vários meios militares, incluindo ‘drones’ e helicópteros, a comitiva ministerial foi convidada a experimentar armas automáticas com munições reais, tendo Nuno Melo sido o primeiro a oferecer-se, enquanto despia o casaco, logo seguido pelo chefe de Estado-Maior da Armada, Henrique Gouveia e Melo, também presente no local.

Ambos dispararam vários tiros com diversos modelos de espingardas automáticas em campo aberto contra alvos a cerca de cem metros, à semelhança do que Nuno Melo já tinha feito no Campo Militar de Santa Margarida, quando tripulou um carro de combate Leopard.

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No final da sessão de tiro, Nuno Melo usou uma imagem desta experiência para falar dos seus propósitos enquanto ministro da Defesa.

“O alvo prioritário diria que é a dignificação da carreira militar, o que implica os militares serem remunerados como devem ser e, ao mesmo tempo, pensando nos antigos combatentes que cumpriram todas as suas missões e têm estado razoavelmente esquecidos”, declarou aos jornalistas.

Na sua primeira visita oficial a missões militares portuguesas no exterior, Nuno Melo deslocou-se esta quinta-feira ao destacamento de F-16 portugueses da Força Aérea e ao contingente do Corpo de Fuzileiros da Marinha estacionados na Lituânia, em missões da NATO.

Da parte da manhã, Nuno Melo esteve na base de Siauliai, onde estão colocados 87 militares e quatro caças de combate F-16 da Força Aérea, em missões de policiamento aéreo da Aliança Atlântica no Mar Báltico, que ganharam nova relevância desde a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

De seguida, o ministro da Defesa marcou presença no campo militar de Kairiai, onde se encontra o efetivo do Corpo de Fuzileiros, que deverá ser reforçado em breve com uma aeronave de patrulhamento marítimo P-3 e respetiva tripulação.

Após ter entrado em ação na carreira de tiro, que descreveu como a “parte lúdica” do dia, o chefe de Estado-Maior da Armada lembrou que o Corpo de Fuzileiros está na região do Báltico desde 2018, com uma interrupção durante o período da pandemia de covid-19, numa missão que, entretanto, ficou próxima da guerra na Ucrânia.

“É um contexto que mostramos aos nossos aliados que estamos com eles na fronteira problemática da Europa. É essa a nossa obrigação e é isso que estamos a fazer aqui”, declarou Gouveia e Melo a propósito da proximidade desta região com o conflito ucraniano.

O almirante observou, por outro lado, que a Marinha já tem “um campo de atuação muito vasto” nas próprias águas nacionais, que disse serem igualmente essenciais para a NATO, a somar às operações no Mar do Norte, no Mediterrâneo, e também na fronteira leste da Aliança Atlântica, através deste destacamento na Lituânia.

Segundo o chefe da Armada, neste país báltico, vizinho do enclave russo de Kalinegrado, os fuzileiros “vêm treinar táticas, procedimentos e criar interoperabilidade com outras forças NATO”, bem como “perceber o ambiente para que, um dia, se tiverem necessidade de atuar, não serem apanhados desprevenidos nem destreinados”.

Nesta base, praticam conceitos que Gouveia e Melo considera “de alguma forma revolucionários”, dando como exemplo o chamado ‘light and fast’ (rápido e ligeiro), com “forças ligeiras a fazer a disrupção de forças muito mais pesadas, com técnicas de guerrilha, técnicas de ataque e fuga e usando o meio marítimo, rios, como elemento primordial da força de fuzileiros”.

Em relação às necessidades da Marinha, o chefe do Estado-Maior prefere deixar as discussões com o poder político nos seus gabinetes, avisando, em todo o caso, que Portugal “tem de perceber qual é a forma de, com recursos limitados, conseguir a melhor resposta no contexto internacional, que é difícil neste momento”, numa nova alusão aos atuais focos de conflito à escala global.

Além de Gouveia e Melo, acompanharam a comitiva de Nuno Melo o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, José Nunes da Fonseca, e o comandante da Força Aérea, João Cartaxo Alves, tendo todos viajado no novo avião de transporte militar KC390, que entrou ao serviço no ano passado para substituir o Hércules C-130.