O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos manifestou esta sexta-feira estar “gravemente preocupado” com o aumento dos assassinatos de civis no Burkina Faso e exigiu uma “investigação independente e transparente” sobre alegações de violações dos direitos humanos.
Estou profundamente perturbado com o facto de as forças de segurança e de defesa e os seus auxiliares, os Voluntários para a Defesa da Pátria [milícias pró-governamentais], terem alegadamente cometido assassínios arbitrários, incluindo execuções sumárias”, escreveu Volker Türk num comunicado, reconhecendo, porém, que os grupos armados são responsáveis pela “grande maioria” dos incidentes.
Volker Türk abordou estas questões diretamente com o capitão Ibrahim Traoré, chefe do regime militar do Burkina Faso, durante uma visita ao país africano em março.
Situação de segurança no Burkina Faso “é mais do que alarmante”
“Compreendo perfeitamente as ameaças complexas à segurança que o Burkina Faso enfrenta. A resposta a estas ameaças só será bem-sucedida se o direito internacional for plenamente respeitado em todo o lado”, insistiu Türk.
“Reitero, pois, o meu apelo às autoridades do Burkina Faso para que tomem todas as medidas possíveis para garantir a proteção dos civis”, acrescentou.
O Burkina Faso, palco de violência recorrente de grupos extremistas islâmicos, que resultou em milhares de mortes durante quase dez anos, assistiu a dois golpes militares em 2022.
Cerca de 20 pessoas morreram no Burkina Faso em ataque junto à fronteira
Em janeiro de 2022, um golpe de Estado levou ao poder o tenente-coronel Paul Henri Sandaogo Damiba, que foi derrubado em setembro do mesmo ano pelo atual chefe da junta militar, capitão Ibrahim Traoré.
Na semana passada, o Burkina Faso adotou uma carta que permite que o regime militar liderado por Traoré se mantenha no poder durante mais cinco anos.
Regime militar do Burkina Faso prolonga transição por mais cinco anos