O regime militar no poder no Burkina Faso desde o golpe de Estado de setembro de 2022 vai prolongar a transição à frente do país por mais cinco anos, segundo uma decisão aprovada este sábado.

A decisão consta de uma carta aprovada pelos participantes numa conferência nacional, em Ouagadougou, na qual se afirma que “a duração da transição é fixada em 60 meses a partir de 02 de julho de 2024”, declarou o coronel Moussa Diallo, presidente do comité organizador do encontro, no final dos trabalhos.

O Presidente da junta, Ibrahim Traoré, poderá também candidatar-se às “eleições presidenciais, legislativas e autárquicas que serão organizadas para pôr termo à transição”, acrescentou.

A conferência nacional, inicialmente prevista para terminar no domingo, contou hoje com a presença de representantes da sociedade civil, das forças de defesa e segurança e de membros da assembleia de transição.

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A maioria dos partidos políticos tradicionais boicotou o evento.

Na carta assinada por Traoré são suprimidas as “quotas” atribuídas aos partidos políticos para os lugares de deputados na assembleia legislativa de transição e o “patriotismo” é um critério para se ser membro desta assembleia ou do Governo.

O Burkina Faso, assolado por uma violência jihadista recorrente que já custou milhares de vidas durante quase dez anos, foi palco de dois golpes militares em 2022.

O primeiro, em janeiro, levou o tenente-coronel Paul Henri Sandaogo Damiba ao poder, antes de ser derrubado em setembro do mesmo ano pelo capitão Traoré.

Na sequência, na primeira conferência nacional, foi adotada uma carta que instituía um Presidente, um Governo e uma assembleia legislativa de transição e fixava o período de transição em 21 meses.

O período de transição deveria terminar em 01 de julho próximo, mas Traoré referiu em várias ocasiões a dificuldade de realizar eleições devido à situação de insegurança no país.