O secretário-geral do Congresso Nacional Africano (ANC), no poder há 30 anos na África do Sul, afirmou este domingo que a continuidade no cargo de Cyril Ramaphosa não será moeda de troca para formar uma maioria governativa de coligação.

“Se vierem com a exigência de que Ramaphosa renuncie à presidência do ANC, isso não vai acontecer”, vincou Fikile Mbalula.

“Nenhum partido político vai ditar os termos [de negociação]”, insistiu Mbalula.

O ANC está prestes a perder a maioria absoluta com 40,20%, segundo os resultados provisórios da Comissão Eleitoral divulgados às 11h50 (10h50 de Lisboa) e, embora continue a ser o maior partido, tem pela frente a difícil tarefa de negociar uma coligação para governar nos próximos cincos anos.

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O partido MK de Jacob Zuma, que se encontra suspenso desde janeiro, pendente de um processo disciplinar como membro do ANC, que integrou na década de 1950, indicou que faria coligação com o partido no poder, “mas não com o ANC de [Cyril ]Ramaphosa”.

O partido exige a demissão do líder do ANC e atual Presidente da República, segundo Duduzile Zuma, que integra a liderança do MK, à Lusa.

Em conferência de imprensa este domingo, no centro de resultados eleitorais em Joanesburgo, o secretário-geral do ANC adiantou que o partido no poder “está aberto” a negociar uma coligação com “absolutamente todos”, embora tenha “reservas” sobre o partido MK, partido de base zulu.

O secretário-geral do ANC salientou que a rápida ascensão do partido MK nestas eleições surpreendeu o partido no poder, sublinhando que “a principal preocupação do ANC na província de KwaZulu-Natal era o Partido Livre Inkatha (IFP)”.

Todavia, Mbalula avançou à imprensa que o antigo movimento de libertação de Nelson Mandela iniciou contactos alargados para formar uma maioria governativa de coligação.

“Estamos a falar com o DA, com o partido MK, com o EFF, estamos a falar com todos”, afirmou, sublinhando a necessidade de estabilidade no país.

Mbalula apontou que “não haveria negociações” se o partido tivesse alcançado uma maioria absoluta, reiterando que o partido será “guiado pelos interesses das pessoas que votaram no ANC”.

“Estamos na era das coligações, que começou no governo local”, salientou.

“A constitucionalidade é muito importante, não podemos simplesmente jogar a Constituição fora. Mesmo aqueles sem os números, falamos com eles”, referiu Mbalula.