Uma organização não governamental (ONG) apelou nesta terça-feira a Lisboa para “defender os seus valores” e discutir as violações dos direitos humanos em Hong Kong durante a visita a Portugal de um governante da região chinesa.

O cofundador e presidente da Hong Kong Watch, o ativista dos direitos humanos Benedict Rogers, disse à Lusa que o Governo português deve “transmitir uma mensagem em voz alta e de forma clara” ao secretário para os Serviços Financeiros e Tesouro de Hong Kong.

Christopher Hui partiu no domingo à noite para uma visita aos Países Baixos, a Espanha e a Portugal, onde irá “promover o vibrante cenário ‘fintech‘ [tecnologia financeira] de Hong Kong”, disseram as autoridades do território, em comunicado.

Hong Kong promove tecnologia financeira em Portugal

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Os Estados-membros da UE não devem ser atraídos para o ‘vibrante cenário fintech’ de Hong Kong em troca de encobrir um número crescente de presos políticos, a diminuição da independência judicial e a violação das obrigações legais internacionais”, disse Rogers.

Na semana passada, uma outra ONG, o Hong Kong Democracy Council, estimou que Hong Kong tinha 1.866 presos políticos, 25 dos quais detidos em maio.

Portugal devia “estar alinhado com as muitas resoluções do Parlamento Europeu que apoiam os direitos humanos em Hong Kong e apoiam os valores europeus e a ordem internacional baseada em regras”, sublinhou Rogers.

A Hong Kong Watch foi criada no Reino Unido em 1997 e tem entre os seus patronos Chris Patten, o último governador britânico (1992-1997) da região administrativa especial chinesa.

O governo de Hong Kong disse que Christopher Hui vai manter reuniões bilaterais com dirigentes governamentais aos Países Baixos, Espanha e Portugal.

As autoridades de Hong Kong disseram que o secretário vai promover “as mais recentes inovações financeiras para um ecossistema Web3 sustentável”.

A Web3 ou Web3.0 refere-se ao desenvolvimento da Internet através da descentralização, criptomoedas, ativos digitais e tecnologia “blockchain”.

A “blockchain” é um registo descentralizado de transações, uma base de dados digital, subjacente à Bitcoin e a outras criptomoedas, mas que possui o potencial para suportar uma grande variedade de negócios.

Christopher Hui pretende ainda promover, durante a visita, “o desenvolvimento da indústria e pagamento através de ativos digitais, pagamento e a ‘tokenização’ de ativos do mundo real”, a representação de ativos físicos por digitais.