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Jim Henson: pode um tipo porreiro ser tão genial?

O documentário "O Homem das Ideias", na Disney+, procura deixar-nos esmagados com uma daqueles brilhantismos e capacidades de trabalho mais raras que um meteorito a sobrevoar Castro Daire.

A grande luta interna de Henson foi sempre a mesma, a de harmonizar a vertigem da arte com a necessidade de fazer dinheiro, muitas vezes para o reinvestir em projetos que verdadeiramente o estimulavam
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A grande luta interna de Henson foi sempre a mesma, a de harmonizar a vertigem da arte com a necessidade de fazer dinheiro, muitas vezes para o reinvestir em projetos que verdadeiramente o estimulavam

A grande luta interna de Henson foi sempre a mesma, a de harmonizar a vertigem da arte com a necessidade de fazer dinheiro, muitas vezes para o reinvestir em projetos que verdadeiramente o estimulavam

É uma resposta comum aos típicos inquéritos de verão. À pergunta “o que gostaria que estivesse escrito na sua lápide?”, a reação costuma ser “que fui um tipo porreiro”. O documentário Jim Henson: O Homem das Ideias, recentemente estreado na Disney Plus, é assumidamente sobre isso: um tipo porreiro, que calha a ter sido um artista sem par, um pioneiro e um inovador. Não se procure sangue nesta obra assinada pelo realizador Ron Howard (o mesmo de Apollo 13, Grinch, Mente Brilhante e o documentário de 2016 The Beatles: Eight Days a Week). Jim Henson não foi polémico, não fez inimigos mortais e está fora do espectro do cancelamento. O interesse deste filme documental é mesmo o de nos deixarmos ficar esmagados com uma daquelas genialidades e capacidades de trabalho mais raras que um meteorito a sobrevoar Castro Daire.

Esteticamente irrepreensível (no imaginário, som, grafismo, atmosfera), Jim Henson: O Homem das Ideias é claramente uma obra levada a cabo por um fã. Tendo como base entrevistas com familiares e antigos colegas de trabalho — com especial destaque para o seu braço direito, Frank Oz, conhecido também por ser a voz e o manipulador de Yoda da Guerra das Estrelas — , todos são unânimes na descrição de um homem com um grande sentido de propósito, num viciado em trabalho de um grau obsessivo.

[o trailer de “Jim Henson: O Homem das Ideias”:]

A grande luta interna de Henson foi sempre a mesma, a de harmonizar a vertigem da arte com a necessidade de fazer dinheiro, muitas vezes para o reinvestir em projetos que verdadeiramente o estimulavam. Aliás, Henson nem queria fazer a popular instituição Rua Sésamo, porque apesar de sempre ter realizado projetos com fantoches, nunca quis trabalhar para crianças. Na altura em que surge a oportunidade de fazer o programa pré-escolar, o criador queria mesmo era fazer uma discoteca com projeções futuristas chamada Cyclia. Porém, quando dizia que “sim” a uma tarefa, ia sempre numa abordagem de excelência e inovação, algo que aqui se comprovou no fofíssimo Poupas, que escondia um tipo de manipulação de bonecos até então tecnicamente impossível.

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[Já saiu o quarto episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio, aqui o segundo episódio e aqui o terceiro episódio]

O grande amor da vida de Jim Henson foram mesmos os Muppets. O sucesso da Rua Sésamo levou-o a recuperar a ideia antiga de um programa de variedades para um público adulto com “puppets”, mas teve muita dificuldade em convencer os estúdios, que achavam sempre que só resultaria enquanto conteúdo para crianças. Por isso, chamou-lhe a dada altura Sex And Violence With The Muppets, para marcar a diferença. A oportunidade só veio através de um estúdio inglês, permitindo assim recuperar uma das primeiras personagens de Henson, que desde cedo acabou por ser uma espécie de alter-ego: Kermit, um sapo de felpa que os portugueses conhecem como Cocas e que foi feito com uma bola de ping pong e um antigo casaco da mãe.

O sucesso da Rua Sésamo levou-o a recuperar a ideia antiga de um programa de variedades para um público adulto com "puppets", mas teve muita dificuldade em convencer os estúdios

A vida do criador não foi feita só de êxitos. Apesar de hoje ter um estatuto de culto, o filme Labirinto, com David Bowie e uma estreante Jennifer Connelly, foi não só um flop comercial como foi dizimado pela crítica. Jim Henson levou a peito, como só consegue levar quem trata as suas obras como filhos. Acabou por se fartar do lado de gestão e planeou vender a sua Jim Henson Creature Shop à empresa com o nome de um dos seus maiores ídolos: Walt Disney. Porém, o negócio não chegou a ser assinado, já que Henson morreu inesperadamente aos 53 anos, vítima de uma infeção derivada de uma pneumonia por tratar. Curiosamente, a Disney é hoje de facto dona da obra do criador.

O último grande número de variedades de Jim Henson foi o seu funeral. Apesar da sua morte ter sido algo abrupta, o testamento, escrito como de se o guião de um sketch dos Muppets se tratasse, decretava como deveria ser a celebração de uma vida e de uma carreira sempre focada no eixo que vai da arte à bondade. Merece mesmo a lápide “aqui jaz um tipo porreiro” — que, só por acaso, mudou para sempre a televisão e o cinema.

 
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