O Fundo de Resolução (FdR) avançou à Lusa que o pagamento ao Estado por 4% do Novo Banco deverá ocorrer “esta semana” e estimou que o valor dos capitais próprios será superior ao da valorização implícita no preço.

O Fundo de Resolução bancário decidiu comprar mais 4,14% do Novo Banco, por 128 milhões de euros, passando a deter 13,54% do capital.

“A liquidação da operação deverá ser realizada nos próximos dias, prevendo-se que o pagamento ao Estado ocorra ainda esta semana”, precisou o FdR em resposta à Lusa.

No comunicado esta quarta-feira divulgado, o fundo, que foi criado em 2012, disse que decidiu exercer os direitos de conversão e adquirir ao Estado o direito de conversão relativo às contas de 2020, que lhe dá direito a cerca de 480 mil ações pelo preço de cerca de 128,7 milhões de euros. O Fundo de Resolução fica assim com mais 4,14% do capital do Novo Banco.

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O FdR referiu que tomou esta decisão “com base nas análises que desenvolveu e naquelas que obteve externamente” e que “o exercício do direito potestativo nesta concreta situação apresenta sólida justificação económica e financeira”.

Questionado pela Lusa, o FdR adiantou ter desenvolvido análises para apurar se o valor de mercado dos capitais próprios do Novo Banco se situa, ou não, acima do valor implícito no preço do exercício (3.100 milhões de euros).

Por outro lado, teve em conta o “uso alternativo que daria ao valor correspondente ao preço de exercício” e estimou a rendibilidade associada à utilização alternativa do dinheiro em causa.

A análise também considerou que, caso não adquirisse os direitos de conversão, a posição do Fundo de Resolução no banco cairia para 9,40%.

“O Fundo de Resolução exerceu o direito que a lei lhe confere para adquiri os direitos de conversão porque reuniu elementos que lhe permitiram concluir não só que o valor dos capitais próprios do Novo Banco será previsivelmente superior aos referidos 3.100 milhões de euros de valorização implícita no preço do exercício, mas também que a rendibilidade a obter pela aquisição dos direitos será superior ao custo da oportunidade”, sublinhou.

Conforme notou, esta conclusão teve por base parâmetros como a situação presente e as perspetivas quanto às valorizações dos bancos na Europa, “possíveis vias de realização do capital investido” e a situação financeira do Novo Banco.

Além da análise interna, o fundo também se socorreu de uma avaliação externa da PwC.

Paralelamente, reuniu com analistas e bancos de investimento, “de quem obteve também as respetivas perspetivas quanto ao Novo Banco”, e promoveu uma consulta junto da Associação Portuguesa de Bancos (APB).

Já na terça-feira à noite, o Novo Banco tinha informado o mercado desta decisão do Fundo de Resolução, explicando que, após executar os direitos, o Fundo de Resolução ficará com 13,54% do capital. Já o Estado diretamente (através da Direção-Geral do Tesouro e Finanças) verá a sua participação reduzida para 11,46% enquanto o fundo de investimento Lone Star manterá a participação de 75%.

O Novo Banco, que ficou com parte da atividade bancária do Banco Espírito Santo (BES) na sequência da resolução deste em 2014, tem no fundo Lone Star (75%) o seu acionista maioritário, estando os restantes 25% divididos entre duas entidades públicas — o Fundo de Resolução e a Direção-Geral do Tesouro e Finanças. É conhecido que a Lone Star quer vender o Novo Banco.