O secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, contestou esta sexta-feira a posição da Amnistia Internacional (AI), que alerta para o risco de violação dos direitos humanos no Mundial2030 de futebol, organizado por Portugal, Espanha e Marrocos.

Na passada quarta-feira, em relatório intitulado “A jogar um jogo perigoso? Riscos em matéria de direitos humanos relacionados com os Mundiais de 2030 e 2034”, em tradução livre, a AI sublinhou a responsabilidade dos países anfitriões, assim como da FIFA, em assegurar direitos laborais, impedir a discriminação e garantir a segurança.

Amnistia internacional contesta candidatura de Portugal ao Mundial de 2030

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Os receios da organização não-governamental foram rebatidos por Pedro Dias, que se mostrou crítico do relatório, lembrando o acolhimento português do Campeonato da Europa de 2004para garantir que o país tem em si todas as condições reunidas.

“Foi tomada uma opinião pela AI com a qual nós naturalmente não concordamos, por razões muito objetivas. Portugal tem sido um exemplo de boas práticas em termos de preparação das polícias para acolher eventos desportivos desde 2004, na preparação do Campeonato da Europa. Passadas duas décadas, ainda é evidenciado como um exemplo de boas práticas”, reiterou, em declarações à Lusa.

A AI destaca, entre outros problemas, a discriminação racial em Portugal, ilustrada com o caso do então jogador do FC Porto Moussa Marega, em 2020, bem como os casos de atuação coerciva por parte das forças policiais.

O secretário de Estado reconhece que “nem sempre as coisas correm bem”, mas realça a capacidade lusa em autoanalisar-se e corrigir falhas sistémicas.

“O país tem feito um esforço para que as nossas equipas operacionais estejam preparadas para este tipo de eventos. Nem sempre as coisas correm bem, mas tivemos sempre capacidade para analisar e tomar medidas. Não me parece justo colocar Portugal nesse patamar no que toca a boas práticas internacionais”, lamentou.

O relatório surgiu com o propósito de evitar os “abusos” praticados no Mundial2022, realizado no Qatar, algo que Pedro Dias contesta.

“É muito injusto comparar Portugal às práticas que vigoram nesses países”, concluiu.