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Mau resultado leva Yolanda Díaz a abandonar a liderança do Sumar. PP ganha ânimo, PSOE tenta resistir

Sumar obteve 4,7% dos votos e elege apenas 3 eurodeputados. Yolanda Díaz demite-se da liderança do partido, mas mantém-se vice-presidente do governo. PP ganha e pede demissão de Sánchez, PSOE rejeita.

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Apesar de se demitir da liderança do Sumar, Yolanda Díaz não abandonará o cargo de vice-presidente do governo espanhol, assim como continuará a ser líder parlamentar do partido

Europa Press via Getty Images

Apesar de se demitir da liderança do Sumar, Yolanda Díaz não abandonará o cargo de vice-presidente do governo espanhol, assim como continuará a ser líder parlamentar do partido

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Foi o rosto da esquerda alternativa aos socialistas durante dois anos. Criou o Sumar em 2022, um movimento político que amalgamava vários partidos pertencentes a este espetro político. Tentava substituir Pablo Iglesias, que se afastou da vida política, adotando um tom aparentemente mais conciliatório com o Partido Socialista Obreiro Espanhol (PSOE). Esta segunda-feira, Yolanda Díaz, a vice-presidente do governo espanhol, anunciou que se demitia da liderança do Sumar, após um mau resultado nestas eleições europeias.

Foi a principal onda de choque em Espanha nestas europeias, que o Partido Popular (PP) venceu com 34% dos votos, seguido do PSOE com 30,2%. A formação política liderada por Yolanda Díaz não foi além dos 4,7% dos votos e elegeu apenas três eurodeputados. Ficou apenas ligeiramente acima do recém-criado partido anti-imigração e populista Se Acabó La Fiesta (4,6%). O resultado foi ainda mais desapontante, uma vez que esta era a primeira em que o partido Sumar ia a votos praticamente sozinho.

Em dezembro de 2023, após algumas tensões, o Unidas Podemos decidiu romper a aliança que mantinha com o Sumar. Ora, nestas europeias, Yolanda Díaz não contava com o apoio daquela força partidária, que concorreu a solo e acabou, mesmo assim, por eleger dois eurodeputados, com 3,3% das intenções de voto. Além disso, também à esquerda, o Sumar foi superado por Ahora Repúblicas: uma coligação formada pelos partidos independentistas Bloco Nacionalista Galego, pelo basco EH Bildu e pela Esquerda Republicana Catalã.

Cisão na esquerda espanhola: Unidas Podemos rompe com Yolanda Díaz e abandona grupo parlamentar do Sumar

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Numa declaração aos jornalistas esta segunda-feira, Yolanda Díaz reconheceu que estas eleições “serviram como um espelho”: “A cidadania não se engana quando vota e também se decide não ir votar. A responsabilidade é sempre nossa. E, neste caso e sem dúvida nenhuma, a responsabilidade é minha”. “Sinto que não fiz as coisas bem. A cidadania percebeu isso”, lamentou a vice do governo espanhol.

Apesar de se demitir da liderança do Sumar, Yolanda Díaz não abandonará o cargo de vice-presidente do governo espanhol, assim como continuará a ser líder parlamentar do partido. Sobre o governo liderado por Pedro Sánchez, a responsável acredita que continua a ser “a melhor ferramenta para melhorar a vida às pessoas”. Lamentando a subida dos partidos de direita na Europa, a política assegurou que vai continuar a trabalhar no “governo de coligação progressista” que será capaz, diz, de “converter o ódio e a insatisfação numa onda de direitos e esperança”.

A sucessão de Yolanda Díaz é, por agora, um mistério. Construída em redor da imagem daquela política, a plataforma política Sumar não tem um sucessor definido, ainda que os nomes de Ernest Urtasun, ministro da Cultura, e Íñigo Errejón, porta-voz do Sumar (e ex-figura destacada do Podemos, até bater com a porta), constem como os favoritos, segundo o El Mundo. Por agora, os estatutos do partido preveem que o grupo de coordenação — composto por 121 membros — tenha de votar por maioria simples quem será o novo líder. A votação deverá ocorrer nas próximas semanas.

Com o Sumar numa posição mais débil, o Unidas Podemos deseja aproveitar este momento para ganhar força e capitalizar. Pablo Iglesias já veio garantir que a demissão de Yolanda Díaz significa o “fim do Sumar”. “O Sumar só tem sentido sob a liderança de Yolanda Díaz”, argumentou o ex-vice-presidente do governo espanhol, expondo que Pedro Sánchez transformou o Sumar num “parceiro cómodo” — o que acabou por ser fatal.

Partido Popular preconiza fim de Sánchez: “Está a cozinhar em lume brando”. Mas PSOE resiste

As primeiras projeções e sondagem à boca das urnas deixavam tudo em aberto, praticamente um cenário de empate técnico. O PP tinha apenas uma ligeira vantagem sobre o PSOE, de Pedro Sánchez. Não obstante, quando os começaram a ser divulgados os resultados, os populares, obtendo 34,2% e elegendo 22 eurodeputados, descolaram aos socialistas, que ficaram com 30,2% das intenções de voto e 20 eurodeputados.

O líder do Partido Popular, Alberto Núñez Feijóo, festejou os resultados na noite deste domingo. Algumas horas mais tarde, o porta-voz do partido, Borja Sémper, sublinhava a dimensão da vitória eleitoral do PP. Munido com um mapa de Espanha que mostrava que os populares tinham vencido todas as comunidades autónomas (à exceção do País Basco, Catalunha, Aragão), o responsável popular pediu a demissão de Pedro Sánchez.

“Não estamos apenas perante o fim de uma legislatura. Perante uma legislatura esgotada. Estamos perante o fim de um ciclo”, atirou o porta-voz partidário, garantindo que o “tempo do PSOE terminou e o de Pedro Sánchez também”: “A saída de Sánchez está a cozinhar-se em lume brando e, ainda que resista, cairá”.

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Borja Sémper com o mapa de Espanha que mostra a vitória do PP

Europa Press via Getty Images

A possibilidade de eleições antecipadas foi desde logo rejeitada pelo PSOE. A porta-voz socialista, Esther Peña, pediu ao PP para que “perca toda a esperança” dessa hipótese. “Temos um governo progressista para algum tempo”, prometeu a responsável partidária, acusando Alberto Núñez Feijóo de ser um “populista de extrema-direita” e de ter “abençoado” a extrema-direita.

O guião dos socialistas está também pronto para os próximos tempos: colar ainda mais o PP à “extrema-direita”. Na sua conta do X, ao dar os parabéns ao Partido Popular, Pedro Sánchez assinalou que o PSOE é o único partido que é capaz de oferecer uma “opção de governo capaz de fazer frente à onda de extrema-direita que contagia a Europa e Espanha”.

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