O primeiro-ministro afirmou esta terça-feira perante alunos de uma escola de ensino português em Genebra que deseja que sejam felizes na Suíça, mas frisando que também são necessários em Portugal.
“O nosso objetivo é que sejam felizes e realizados nos locais onde se encontram — alunos, professores e comunidade —, mas nós também precisamos de vocês em Portugal”, afirmou Luís Montenegro, no primeiro ponto da deslocação conjunta com o Presidente da República à Suíça, no âmbito das comemorações do Dia de Portugal.
O chefe do Governo apelou a que estes jovens continuem a aprender “a língua, a história e a cultura portuguesa” e que “mantenham vivos os laços” que os unem às famílias, amigos e interesses em Portugal.
“O Governo de Portugal, o vosso Governo acolher-vos-á no nosso território para ajudar a criar uma sociedade mais forte, social e economicamente, para ser mais justa e dar uma oportunidade a todos”, afirmou.
Luís Montenegro considerou “muito reconfortante” verificar que a cultura e a língua portuguesa “estão bem vivas” na Suíça, país que acolhe cerca de 260 mil emigrantes portugueses.
“Estarmos aqui hoje por decisão do Presidente da República é sinónimo da proximidade e da importância que damos a estar convosco (…) Nós portugueses somos capazes de ser tão bons como os melhores ou mesmo os melhores dos melhores“, enalteceu, dando como exemplo o poeta Luís de Camões, cujas comemorações dos 500 anos do nascimento arrancaram na segunda-feira em Coimbra.
Depois das intervenções iniciais, o Presidente da República e o primeiro-ministro, sentados num palco de uma das salas de aula, precisamente com um desenho de Luís de Camões por trás, responderam a algumas perguntas dos alunos, com idades entre os 11 e os 14 anos.
“Não devemos querer fazer de Camões um nosso contemporâneo, mas lê-lo é um exercício cívico”
“Como acha que me sinto quando sou emigrante e não pertenço a nenhum lugar?”, questionou Francisca Martins.
O primeiro-ministro pediu-lhe para se sentir “sempre portuguesa” e aproveitou para falar também sobre a situação dos imigrantes em Portugal, quase um milhão, muitos deles com filhos a estudar nas escolas portuguesas.
“Digo muitas vezes que eles devem sentir-se também portugueses, novos portugueses, e que Portugal lhes quer bem. Quem pensa assim para os que recebe no seu pais, também deve ter respeito para os que recebem bem os nossos, a Suíça recebeu sempre bem os portugueses, defendeu.
Em resposta a outra aluna, que lhe perguntou o que pode fazer para que os jovens não deixem Portugal, Montenegro reiterou que essa é uma prioridade do atual Governo.
“Este Governo nos próximos anos — creio que é um caminho igual em todos os partidos políticos —, todos estamos muito empenhados em ter para a juventude alguma diferenciação positiva para ficarem em Portugal: pagarem menos impostos, terem ajuda para comprar a primeira casa”, exemplificou.
Montenegro repetiu o apelo para que os jovens perante os quais falou esta terça-feira “possam pensar em viver em Portugal” ou, pelo menos, “não se esqueçam que muitos dos seus familiares e amigos estão lá”.
“Continuem a ajudar-nos, a levar mais investimento para Portugal e abrir mais empresas portuguesas aqui. E façam um esforço para preservar um dos mais valioso património que nos une a todos: a língua“, pediu.
Já questionado se gostava de ir à escola quando era jovem, Montenegro disse que sim, mas admitiu que “a parte de que mais gostava eram os intervalos”.
“A escola é uma oportunidade, não desperdicem essa oportunidade, aproveitem para aprender e para se divertir”, aconselhou.
As comemorações do Dia de Portugal prosseguem a partir desta terça-feira e até quarta-feira na Suíça, país que acolhe a segunda maior comunidade de emigrantes portugueses no mundo (a seguir a França), com Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro a realizarem a sua primeira deslocação em conjunto ao estrangeiro.