O Governo austríaco anunciou esta terça-feira que pretende realizar eleições legislativas a 29 de setembro, embora a data tenha de ser ratificada pelo parlamento.

“Na reunião de amanhã (…) do Conselho de Ministros, será fixada a data de 29 de setembro para as eleições do Conselho Nacional”, anunciou o chanceler Karl Nehammer na sua conta na rede social X.

Esta data já tinha sido antecipada em fevereiro passado.

O anúncio de Nehammer surge na sequência da vitória nas eleições europeias, no domingo, do Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), de extrema-direita, favorito para as eleições de setembro, em sintonia com os resultados noutros países do bloco europeu que assistiram à ascensão e consolidação da extrema-direita, como França e Alemanha.

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O FPÖ, partido fundado por antigos nazis, obteve 25,4% dos votos nas europeias, uma vitória sem precedentes neste país.

O Partido Popular Austríaco (ÖVP, conservador), no poder, ficou em segundo lugar nestas eleições depois de ter perdido dois lugares no Parlamento Europeu e viu a sua diferença em relação ao Partido Social Democrata da Áustria (SPÖ) diminuir.

Ambos obtiveram cinco lugares. Os parceiros de coligação do ÖVP, os Verdes, perderam um lugar nas eleições europeias.

Entretanto, o FPÖ apelou esta terça-feira à nomeação de um comissário europeu para a “remigração”.

“O que notei nas últimas semanas durante a campanha é que o que é necessário, acima de tudo, é uma política de migração razoável, que há necessidade de remigração”, disse o secretário-geral do partido, Christian Hafenecker, numa conferência de imprensa.

“Precisamos de um comissário para a remigração”, acrescentou.

O FPÖ, que esteve no governo três vezes com os sociais-democratas e os conservadores no passado, reivindica o conceito controverso de “remigração”.

Não aplicável na legislação atual, visa a expulsão em massa de estrangeiros e a obrigação de assimilação para os cidadãos naturalizados.

Em novembro de 2023 o líder do partido austríaco radical, Herbert Kickl, disse abertamente, pela primeira vez, que queria retirar a nacionalidade e expulsar os austríacos de origem estrangeira “que se recusam sistematicamente a integrar-se”.

Na vizinha Alemanha, uma reunião sobre o mesmo assunto, na mesma altura, com membros do partido de extrema-direita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD) provocou manifestações em massa.

O FPÖ quer ter a possibilidade de escolher o comissário que a Áustria enviará a Bruxelas num futuro próximo, mas essa é uma prerrogativa do Governo.

Favorito na Áustria para as eleições legislativas, o FPÖ tem um lugar no Parlamento Europeu no grupo Identidade e Democracia (ID), juntamente com o União Nacional (RN), vencedor das eleições em França.

O ID excluiu recentemente o AfD das suas fileiras, na sequência de uma série de escândalos.

O partido português Chega elegeu pela primeira vez dois eurodeputados, que vão integrar a bancada do grupo de extrema-direita.