O início foi um pesadelo, daqueles em que acordamos atarantados e são rapidamente para esquecer. Polónia e Áustria entraram com o pé esquerdo no Campeonato da Europa, perdendo frente a Países Baixos (1-2) e França (0-1), respetivamente. Ainda que não fossem de todo favoritas, começar com a corda ao pescoço é o que todas as seleções querem evitar. Assim, a partir de agora só a vitória interessava.

Sem contar com a grande referência ofensiva, Lewandowski, os polacos até estiveram a vencer os neerlandeses, mas permitiram a reviravolta nos instantes finais, numa partida em que estiveram, quase sempre, a defender e remetidos ao seu meio-campo. Ainda que a postura tenha sido essa, os erros defensivos acabaram por ter influência e precisavam urgentemente de serem solucionados.

Polónia (Grupo D). Quem Lewa esperança, leva quase tudo – mesmo que a sorte não tenha ajudado

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Apesar do desfecho ter sido igual, os austríacos deixaram na retina uma exibição mais sólida que, a espaços, causou desconforto à vice-campeã do mundo, que só marcou num momento de grande azar de Wöber. Contudo, a abordagem frente aos bialo-czerwoni teria de ser diferente, procurando garantir a posse de bola e a mostrar uma postura ofensiva que não foi demonstrada diante dos franceses.

Áustria (Grupo D). Sabitzer e a lição estudada para nunca cair no erro do elo mais fraco

As dúvidas foram rapidamente desfeitas, com o avançado polaco do Barcelona a continuar no banco de suplentes. Nos austríacos, as únicas novidades foram os centrais Lienhart e Trauner, com Wöber e Danso a serem relegados para fora do onze inicial. Os burschen entraram melhor na partida e, ainda dentro dos primeiros dez minutos, chegaram ao golo, com Trauner a completar da melhor forma um cruzamento com conta, peso e medida de Mwene. As águias não conseguiram reagir ao golo sofrido – Lewandowski mostrava-se irrequieto no banco, mais como segundo treinador do que propriamente jogador – e a Áustria continuou mais confortável.

Até que tudo mudou no quarto de hora final da primeira etapa. Numa jogada que teve tanto de bem trabalhada, como de atabalhoada, Bednarek rematou contra Trauner e, na recarga, Piatek completou para o empate. Com o jogo relançado, a Áustria mostrou-se mais perigosa até ao intervalo, mas Sabitzer e não conseguiu desatar o nó do empate (39′ e 42′). Na derradeira oportunidade, Zielinski obrigou Pentz a uma grande intervenção (45+1′).

Lewandowski ainda esteve a recriar-se com bola ao intervalo, mas não foi opção para o reinício da partida, ao contrário de Wimmer, que entrou para o lugar de Piotrowski. Ralf Rangnick também mexeu no meio-campo durante o intervalo, trocando Grillitsch por Wimmer. Na última meia hora, porém, tudo mudou, com o avançado a ser opção na Polónia e a estrear-se, finalmente, neste Europeu. Contudo, a entrada do polaco não teve grande impacto no jogo, a Áustria manteve o domínio e foi coroada com o golo, da autoria de Baumgartner, que rompeu a defesa adversária (66′).

Pouco depois, já na parte final do encontro, Sabitzer isolou-se, contornou Szczesny, mas acabou tocado pelo guarda-redes. Na conversão do penálti, Arnautovic enganou o polaco e fez o terceiro golo austríaco, colocando um ponto final no resultado (1-3). Até ao apito final, a defesa da Polónia continuou a meter água e, não fosse Szczesny, o resultado podia ter sido diferente (84′).

A pérola

  • Marcel Sabitzer é a grande pérola da seleção austríaca e continuar o mostrar todos os seus pergaminhos. Apesar de ter atuado, preferencialmente, no corredor esquerdo, o médio de 30 anos não ficou por ali e assumiu as despesas de grande parte dos ataques da sua equipa. Apareceu a construir, a finalizar, na esquerda, no meio e até na direita. Foi uma autêntica fera à solta.

O joker

  • Mais acutilante que o companheiro, Christoph Baumgartner aproveitou da melhor forma o espaço concedido pela Polónia entre a linha mais recuada e a linha média. Foi precisamente num desses lances, em que até apareceu no corredor central, que rompeu a defesa adversária e coroou a exibição com um golo, o da tranquilidade.

A sentença

  • Polacos e austríacos sabiam de antemão que esta partida era fundamental para as suas aspirações no Europeu. Só a vitória interessava e só a Áustria fez por chegar à última jornada a depender só de si. O jogo contra os Países Baixos não se prevê fácil, mas um empate deverá ser suficiente para garantir os oitavos. Em sentido inverso, a Polónia deixou de depender de si e está praticamente eliminada.

A mentira

  • É certo que jogou apenas 30 minutos, mas noutro contexto e numa altura diferente, essa meia hora seria suficiente para Robert Lewandowski ter impacto no jogo. Não foi o caso. Tocou apenas 11 vezes na bola, não fez qualquer remate e saiu de campo com um cartão amarelo, depois de ter dado uma cotovelada num adversário. Na última jornada terá de aparecer se quiser continuar em competição.