Na administração da Ferrari, o nervosismo sobe à medida que a apresentação do primeiro modelo 100% eléctrico da marca se aproxima. Durante os tempos dos motores de combustão, a tarefa deste construtor italiano corria sobre rodas, suportada pela sua imensa reputação e um domínio total sobre a tecnologia ao serviço dos motores e dos chassis. Mas, com a chegada dos veículos eléctricos, a Ferrari passou a jogar no “terreno no inimigo” e a tentar dominar uma tecnologia que desconhece, pelo que a questão é: será que o primeiro Ferrari eléctrico continuará a ser melhor do que a concorrência?

A prova que a Ferrari está preocupada é confirmada pelo facto de não se ter poupado a investimentos, para ter todos os trunfos do seu lado. Tudo para conseguir garantir a potência necessária para saciar os condutores mais exigentes e manter (ou incrementar) o nível de aceleração e velocidade máxima a que a marca criada em 1933 por Enzo Ferrari nos habituou. A ponto de ter investido numa nova fábrica em Maranello especificamente para modelos a bateria e com pequenos motores eléctricos a substituir os habituais motores V8 e V12 a combustão.

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O primeiro eléctrico com o emblema do Cavallino Rampante continua na fase de desenvolvimento, com a marca a dizer-se satisfeita pela forma como tem ultrapassado as diferentes dificuldades para pôr na estrada, no final de 2025, um veículo à altura dos seus pergaminhos. E por um valor em linha com os modelos actuais: meio milhão de euros. Este é o montante pelo qual a Ferrari está a prever transaccionar o seu primeiro modelo a bateria, sendo que este valor não destoa dos “irmãos” com motores de combustão e se posiciona bem longe dos mais de 2 milhões de euros exigidos pelos superdesportivos eléctricos, como o Rimac Nevera.

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Além de anunciar o preço do seu primeiro eléctrico, através da Reuters, a Ferrari avançou com o facto de estar já a desenvolver um segundo modelo a bateria. O construtor italiano não especifica de que tipo de veículo se trata, tal como não aponta qualquer patamar em termos de potência ou restantes especificações técnicas. O certo é que, apesar de se preparar para reforçar a sua oferta com estes novos modelos eléctricos, a marca não pretende incrementar excessivamente o volume de vendas, face às 13.600 unidades que comercializou em 2023.

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De acordo com os responsáveis do construtor transalpino, o volume total de vendas não irá ultrapassar as 20.000 unidades anuais. Isto de forma a manter a exclusividade que, para a Ferrari, é a alma do negócio. Quanto ao novo eléctrico agendado para 2025, que se destina a cativar os fãs da marca que querem misturar emoções e preocupações ambientais, deverá limitar-se a um nicho do mercado, representando apenas cerca de 10% das vendas totais. Mas se somarmos outro tanto do segundo eléctrico do construtor, os modelos a bateria começarão a ter um peso considerável no mix, embora o fabricante esteja convicto que os carros animados pelos V8 e V12 a gasolina vão continuar a merecer a preferência da esmagadora maioria dos clientes.