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Pelo menos cinco pessoas, incluindo três crianças, morreram este domingo enquanto se encontravam numa praia em Sebastopol, na Crimeia (território ucraniano ocupado pela Rússia em 2014), como consequência da queda dos detritos de um míssil disparado pela Ucrânia, que foi intercetado pelos sistemas de defesa anti-aérea da Rússia.

No domingo, Moscovo já tinha acusado os Estados Unidos de terem sido os responsáveis pelo ataque que fez cinco mortos, uma vez que a Ucrânia usou mísseis ATACMS fornecidos por Washington a Kiev. “Tais ações não ficarão sem resposta”, disse no domingo o Ministério da Defesa russo em comunicado.

Nas redes sociais surgiram nas últimas horas vídeos filmados por turistas que se encontravam numa praia muito perto da base aérea de Belbek — uma das principais estruturas militares russas da Crimeia, usada com frequência pelas tropas de Moscovo para lançar ataques contra território ucraniano.

Como lembra o jornal inglês The Telegraph, têm sido muito raros os ataques ucranianos contra alvos civis na Rússia ou em territórios da Ucrânia ocupados pela Rússia (como é o caso da Crimeia). Contudo, tem sido comum a queda de destroços de mísseis ucranianos em zonas civis depois de terem sido intercetados e destruídos pela defesa russa.

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Nos vídeos divulgados nas redes sociais é possível ver dezenas de turistas numa praia quando, subitamente, surge um míssil que lança a confusão entre os turistas. É também possível, nalguns vídeos, ver várias pessoas feridas, outras a correr e até espreguiçadeiras a serem usadas como macas para serem retiradas da praia.

O governador russo de Sebastopol, a capital da Crimeia, Mikhail Razvozhayev, confirmou a existência de cinco mortos e mais de uma centena de feridos. “Infelizmente, temos atualmente 124 vítimas, das quais três são crianças que morreram e duas são adultos que morreram”, confirmou Razvozhayev, citado pela CNN.

Uma das vítimas era uma menina de nove anos, Sofia Averyanov, filha do vice-presidente da câmara de Magadan, Oleg Averyanov. A criança estava de férias com a família em Sebastopol, tal como muitas outras centenas de russos, já que a Crimeia, mesmo depois do início da guerra em 2022, continuou a ser um destino muito popular de férias para os russos durante o verão.

Uma vez que a Crimeia é considerada pelos Estados Unidos um território ucraniano sob ocupação russa, Washington permite à Ucrânia que use mísseis americanos para atacar aquele território — ao passo que os EUA têm sido mais cautelosos ao evitar que a Ucrânia use armamento americano em território russo.

A partir de Moscovo, porém, o Kremlin já fez saber que responsabiliza os Estados Unidos pelo “ataque deliberado de mísseis contra civis”, uma vez que os EUA “forneceram estas armas à Ucrânia”. Uma ação militar que provocou a morte a cidadãos russos não ficará sem consequências, avisou Moscovo.

Esta segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, classificou o ataque como “absolutamente bárbaro” e garantiu que a Rússia vai reagir contra os EUA. “Percebemos perfeitamente quem está por trás disto”, disse Peskov, citado pela Reuters. “É tudo muito claro. Como representantes da comunicação social, deviam perguntar aos meus colegas na Europa e sobretudo em Washington, aos assessores de imprensa, porque é que os governos deles estão a matar crianças russas. Façam-lhes esta pergunta.”

“Obviamente, o envolvimento dos EUA no combate, que como resultado provocou a morte a russos pacíficos, não pode deixar de ter consequências”, acrescentou ainda. “Quais em específico, o tempo vai dizer.”