A Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) inspecionou este ano 18 escolas públicas e sete colégios onde as notas dos alunos do ensino secundário pareciam ter sido inflacionadas ou deflacionadas, mas “no geral, não se registaram desconformidades”, revelou o ministério.
A Lusa questionou o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) sobre a atuação da IGEC neste último ano letivo, tendo em conta os relatórios que todos os anos apontam para estabelecimentos de ensino que parecem atribuir, sistematicamente, notas mais altas ou mais baixas do que merecem os seus alunos.
Segundo o MECI, “algumas das escolas sinalizadas com notas altas foram intervencionadas em maio, porque é nessa altura do ano que estão reunidas condições para confirmar tendências”.
Mas, este ano, também foram inspecionados estabelecimentos de ensino onde pareciam estar a ser atribuídas notas mais baixas do que o suposto.
A ação inspetiva realizada este ano teve como foco o último relatório da Direção-Geral das Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC) que avaliou as aprendizagens no ensino secundário, tendo em conta a equidade e justiça no acesso ao ensino superior.
Nesse sentido, foram analisadas escolas onde poderia estar a haver inflação das notas mas também escolas “com registos de deflação de classificações, tendo como base dados fornecidos pela DGEEC”, acrescenta o gabinete do MECI.
Resultado: “A ação de controlo incidiu sobre 18 escolas públicas e sete privadas”, revelou o MECI, acrescentando que “ainda estão a ser ultimados os relatórios mas, no geral, não se registam desconformidades com as orientações legais nas escolas (publicas e privadas) com classificações muito elevadas”.
Já no passado ano letivo, a IGEC inspecionou 39 escolas onde as notas dos alunos pareciam ser excessivamente elevadas, tendo recomendado a sete estabelecimentos de ensino a “reposição imediata da legalidade” das classificações atribuídas.
O ministério revela agora que “só uma das escolas sinalizadas no ano anterior foi acompanhada durante todo o ano letivo por ser considerada como mais vulnerável”.
O inspetor-geral da Educação e Ciência (DGEC), Luís Capela, revelou há um ano que, entre fevereiro e março, tinham sido inspecionados 37 estabelecimentos cooperativos e privados e duas escolas públicas, sendo que em sete escolas foi feita uma recomendação para que fosse reposta a legalidade “porque havia critérios que não estavam bem delineados”.
A inspeção teve por base um estudo da DGEEC que alertou para uma eventual inflação de notas em muitas escolas tendo em conta as classificações internas atribuídas entre 2017/2018 e 2021/2022. O relatório da DGEEC divulgado no início do mês revelou que a média das classificações internas finais (CIF) no ensino público situou-se nos 15 valores no ano letivo 2022/23, enquanto no ensino privado foi de 16,9 valores, tendo as raparigas tido notas ligeiramente mais elevadas face ao observado para os rapazes.
Tanto nos estabelecimentos públicos como nos privados, as disciplinas anuais são as que têm as classificações internas finais médias mais elevadas, com Educação Física a destacar-se como a disciplina trienal com a média nacional mais elevada.