Chegar aos oitavos de final pode ser histórico para uns e uma obrigação para outros. Era esse o caso de Inglaterra e Eslováquia à partida para o duelo deste domingo. Para uns não passava de uma mera formalidade, dado que o objetivo era a conquista do troféu em Berlim, embora o título esteja longe de casa há quase 60 anos. Para os outros o registo ombreava com os seus feitos mais históricos em fases finais, já que os eslovacos chegaram pela terceira vez ao top 16 – repetindo o Mundial de 2010 e o Europeu de 2016.
Longe de encantar os adeptos – até os menos céticos -, os três leões venceram o Grupo C da primeira fase, mas só ganharam um jogo e marcaram apenas dois golos. A pressão começa a tomar conta de Gareth Southgate que, nos últimos anos, não tem conseguido aproveitar uma das melhores gerações de sempre. “Estou desesperado por fazer um bom trabalho pelo meu país. Liderar este grupo de jogadores e equipa, com quem adoro trabalhar e em quem tenho tanta consideração. Conduzi-los no que poderá ser outra noite brilhante e criar mais algumas memórias para os nossos adeptos”, garantiu o selecionador na antevisão.
Inglaterra (Grupo C). Três anos depois do trauma, ou o Europeu comes home ou Southgate vai para casa
“Os ingleses têm qualidade, mas todos os adversários que defrontaram foram capazes de os atormentar”. O aviso foi deixado por Duda na conferência de imprensa da véspera. Os falcões apuraram-se na terceira oposição, embora tenham conseguido quatro pontos, mas o principal objetivo passava por surpreender os ingleses e fazer história. A equipa de Francesco Calzona deu bons sinais na primeira fase. Contudo, frente a um candidato, a postura teria de ser outra.
Muito se especulou nas horas que antecederam o desafio de Gelsenkirchen. Mainoo, Gordon e Palmer foram apontados ao onze inglês, mas só o médio do Manchester United conseguiu a titularidade, relegando Gallagher para o banco. Nos eslovacos não houve novidades e o boavisteiro Bozeník continuou como suplente. Inglaterra tentou assumir o controlo da posse de bola desde o início, mas a Eslováquia colecionou duas oportunidades de perigo nos primeiros cinco minutos, por Kucka (4′) e Hancko (5′). Pouco depois, Haraslín apareceu isolado, rematou com perigo, a bola passou por Pickford, mas Guéhi evitou o golo (12′).
Os falcões continuaram a expor as fragilidades da equipa inglesa e, isolado por Strelec, Schranz voltou a aparecer neste Europeu e completou para o golo inaugural (25′). Com o golo sofrido, a estratégia dos três leões manteve-se intacta e a equipa de Southgate não conseguiu criar oportunidades de perigo até ao intervalo.
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Na etapa complementar, a formação inglesa entrou com outra cara e chegou ao golo do empate, mas Foden estava fora de jogo antes de concluir a jogada (50′). Na jogada seguinte, Kane apareceu a rematar em zona frontal, obrigando Vavro a aplicar-se para cortar (52′). Contudo, a amostra defensiva continuou aquém e, depois de Bellingham cobrar um livre, Strelec aproveitou uma desatenção para atirar do meio-campo para a baliza, só que a bola saiu ligeiramente ao lado (55′).
Na parte final, o jogo animou a espaços com as substituições operadas pelos treinadores, mas as oportunidades escassearam. Aos 78 minutos, Kane ainda apareceu sozinho a finalizar um livre de Foden, mas não teve discernimento para cabecear na direção da baliza. Com a Eslováquia cada vez mais determinada a fechar o espaço, os três leões continuaram em dificuldades e apostaram na meia-distância, só que a primeira tentativa, de Rice, esbarrou em cheio no poste (81′). Na derradeira oportunidade do jogo, Walker cobrou um lançamento para a área, Guéhi tocou de cabeça e, com uma bicicleta, Bellingham fez o empate (90+5′), levando a decisão para o prolongamento (1-1).
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Inglaterra voltou a entrar melhor em campo e, logo no primeiro minuto, Kane atirou de cabeça para o golo da reviravolta (91′). A partir daí a Eslováquia não teve reação e os ingleses controlaram o desafio a seu belo prazer. Ainda assim, a fechar a primeira parte, Pekarík apareceu a desviar um passe de Bénes à boca na baliza, mas falhou o alvo (105′). Tupta (111′), Bozeník (117′) e Hancko (120+1′) ainda tentaram, porém o triunfo estava mesmo garantido para os ingleses, que vão defrontar a Suíça nos quartos de final.
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A pérola
- O que falta dizer sobre Jude Bellingham? É a principal figura desta seleção inglesa e, em Gelsenkirchen, mostrou o porquê. O jogo não foi famoso para a sua equipa que esteve a escassos segundos do prolongamento. Esteve porque, na derradeira oportunidade, o jovem médio sacou um coelho da cartola – ou uma bicicleta – e levou o jogo para prolongamento. Belo presente de aniversário para quem acabou de completar 21 anos.
O joker
- Harry Kane pode passar ao lado de um jogo, pode tocar poucas vezes na bola, mas quando é preciso, está sempre lá. Já tinha ameaçado no tempo regulamentar, mas precisou de menos de um minuto no prolongamento para faturar e dar o triunfo à formação inglesa. Não está a fazer um Europeu brilhante, à imagem de Inglaterra, mas apareceu na altura certa.
A sentença
- Inglaterra continua sem brilhar e longe de arregalar os olhos dos seus adeptos, mas está nos quartos de final do Europeu e tem um caminho um tanto ou quanto favorável para chegar o mais longe possível. Segue-se a Suíça, que terá mais um dia de descanso e menos 30 minutos de jogo. Não será fácil, mas os ingleses são favoritos.
A mentira
- A Eslováquia teve ocasiões para resolver o jogo na primeira parte, mas a sua ineficácia acabou por revelar-se fundamental no final da partida. O jogo foi bastante positivo da equipa treinada por Francesco Calzona, que conseguiu relegar a super-Inglaterra a uma equipa pequena. Sofrer a 30 segundos do fim, numa altura em que o jogo podia estar resolvido, acabou por custar caro.