Paula Barrocas Salgado foi afastada do cargo de presidente do Instituto de Informática da Segurança Social, que ocupava em comissão de serviço desde 2016. O Governo fundamenta a decisão com a “necessidade de imprimir nova orientação à gestão dos serviços”. Para a substituir foi nomeado Sérgio Bruno de Carvalho que, até aqui, trabalhava na Deloitte Tecnhology.
Em comunicado, o Ministério da Segurança Social diz que o Instituto de Informática “é um organismo fundamental para a prossecução e implementação das políticas sociais do Governo” e é “uma das entidades competentes e mais vocacionadas para operacionalizar as mudanças de estratégia e a transição digital na área de governação” do Ministério. A substituição resulta “da necessidade de imprimir nova orientação à gestão dos serviços”. A informação da substituição foi avançada em primeiro lugar num comunicado enviado, na semana passada, à agência Lusa, e remetido agora ao Observador após pedido.
A lei quadro dos institutos públicos prevê uma indemnização — que corresponde à “remuneração base ou equivalente vincenda até ao termo do mandato, com o limite máximo de 12 meses” — se o dirigente já estiver no cargo há mais de um ano e se o motivo do afastamento for a necessidade de “imprimir nova orientação à gestão”. Foi isso que aconteceu ao conselho diretivo da Agência para a Modernização Administrativa (AMA). O Observador questionou o Ministério da Segurança Social sobre se, neste caso do Instituto de Informática, também há lugar a indemnização, mas ainda aguarda resposta.
Sérgio Bruno de Carvalho foi o escolhido pela ministra Rosário Palma Ramalho para substituir Paula Barrocas Salgado, por reunir “as condições, habilitações académicas e profissionais para desempenhar com mérito a direção de um organismo que é fundamental ao Governo para garantir a modernização dos serviços públicos e tornar o país mais inovador e competitivo”.
Com um percurso profissional que “esteve sempre ligado à área das novas tecnologias e inovação”, era até agora associate partner na Deloitte Technology. Foi fundador e CEO do Megagroup Lda e esteve na Portugal Telecom (PT), onde desempenhou funções de direção e administração entre 2006 e 2015. É licenciado em engenharia mecânica e tem uma pós-gradução em gestão na Nova SBE. O Ministério salienta que do percurso académico consta a frequência de programas de educação executiva e gestão na mesma universidade. Numa publicação no Facebook, diz que está “totalmente comprometido em servir os meus concidadãos e contribuir para o desenvolvimento do nosso país”.
O afastamento de Paula Barrocas Salgado foi criticado pela ex-ministra da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, cujo ministério renovou a comissão de serviço da dirigente, por cinco anos, em dezembro de 2021. Numa publicação no LinkedIn, Ana Mendes Godinho sublinha a “missão de serviço público” e o “extraordinário trabalho de operacionalização das medidas covid, transformação digital da Segurança Social, abono de família automático, e-balcão, pensão na hora, CSI medicamentos, apoio judiciário online, e tantas, tantas missões ao serviço de Portugal”. “Hoje foi demitida na voracidade da “limpeza”, atira mesmo.
Já Paula Barrocas Salgado — que tinha sido assessora no gabinete do secretário de Estado da Segurança Social entre 2009 e 2011, na altura em que Helena André era ministra —, também no LinkedIn, faz um balanço de quase oito anos e meio a liderar o instituto.
No comunicado, o Ministério da Segurança Social diz que considera “fundamental o papel do Instituto de Informática no reforço do cruzamento de dados e no aperfeiçoamento de instrumentos já existentes, nomeadamente ao nível da articulação entre a Autoridade Tributária e Aduaneira e a Segurança Social”. “Também é fundamental terminar o processo de transição digital dos serviços da Segurança Social, bem como a implementação de maior fluidez no sistema da Segurança Social. Pretende-se, entre outros objetivos, garantir o acesso com qualidade dos serviços públicos essenciais às populações em todo o território nacional, aprofundar a reforma da articulação front-office – back-office dos serviços públicos de atendimento administrativo e implementar um modelo de tempo de resposta máximo dos serviços públicos que possa ser avaliado e comparado, garantindo a interoperabilidade dos vários serviços das administrações públicas”, indica o comunicado.