O alegado cabecilha de uma rede de tráfico de vistos na Guiné-Bissau foi detido numa operação em que foram apreendidos mais de mil passaportes e documentação para agendamentos, divulgou esta quarta-feira a Polícia Judiciária (PJ).

Trata-se de um cidadão guineense, como avançou em conferência de imprensa o diretor nacional da PJ, Domingos Monteiro Correia, adiantando que o detido foi encaminhado para o Ministério Público, mas a investigação continua à procura de outros envolvidos.

A detenção e a apreensão de mais de mil passaportes e documentação ocorreu durante uma operação desencadeada há três dias, no âmbito de uma investigação sobre um grupo de pessoas “devidamente organizadas numa estrutura dedicada a agendamentos e processos de concessão de vistos”, nomeadamente para Portugal.

Na sequência da investigação em curso, foram executados mandados de busca e apreensão emitidos pelo Ministério Público, e detido o principal suspeito da rede que cobra “valores exorbitantes, a partir de 500, 600 até um milhão de francos cfa (entre 700 e 1.500 euros) por um processo, que custa cerca de 90 euros pelas vias legais.

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O esquema, segundo as autoridades, consiste em açambarcar as vagas para agendamento de pedido de visto disponibilizadas periodicamente online, condicionando o acesso de quem necessita e obrigando os interessados a pagar para conseguir o visto.

Além das perdas e prejuízos financeiras para as vítimas deste esquema que se arrasta há vários anos na Guiné-Bissau, em causa estão crimes como falsificação qualificada e associação criminosa, de acordo com o diretor nacional da PJ.

Não é uma mera burla“, salientou, aproveitando a ocasião para apelar à população para que não ceda a estes esquemas.

Domingos Monteiro Correia vincou que “há procedimentos legais de aquisição de vistos junto das entidades competentes”.

“É preferível, antes de se envolverem em qualquer promessa, recolher informações, contactar as entidades competentes para o efeito, concretamente a embaixada, para aquisição de visto ou agendamento“, enfatizou.

O diretor nacional referiu que há algum tempo que a PJ está a trabalhar neste assunto e que “já apreendeu milhares de comprovativos de valores pagos e processos”.

Mesmo com a detenção daquele que é considerado o principal suspeito, a investigação continua, segundo o diretor nacional, que diz que há mais pessoas implicadas e que a PJ “pretende descortinar tudo”.

Referiu ainda que a investigação não se circunscreve a Bissau, mas decorre em todo o país, já que este esquema “tem uma rede de angariadores de candidatos nas várias regiões” da Guiné-Bissau.