Todas as equipas precisam de um pensador no meio-campo. É esse jogador que faz o jogo fluir com bola e é o elo de ligação entre a linha defensiva e o ataque. É esse jogador que, sem bola, equilibra a equipa, permitindo que o adversário não fique em superioridade no último terço. Podíamos estar a falar de outro jogador, mas estamos a falar de Granit Xhaka, o pensador suíço.

O médio Bayer Leverkusen perfila-se como a principal figura helvética neste Campeonato da Europa, mas as horas e os dias que sucederam a vitória diante da campeã da Europa Itália não foram fáceis para Xhaka. O jogador de 31 anos lesionou-se no adutor, ficando quatro dias afastado dos relvados. Só na quinta-feira voltou a treinar com os companheiros de seleção e a Federação Suíça garante que está apto para o duelo contra Inglaterra.

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Esse jogo até pode ser histórico para Xhaka. Caso seja eleito o melhor jogador em campo pela UEFA, o médio igualará o recorde de seis prémios que pertence a Andrés Iniesta e Cristiano Ronaldo. Contudo, há menos de um ano, a presença do campeão alemão na Alemanha não estava de todo garantida. Depois de um surpreendente empate contra o Kosovo (2-2), Xhaka criticou publicamente o selecionador Murat Yakin.

Já depois do fim da qualificação, que terminou com o apuramento suíço, Yakin e Xhaka encontraram-se em Düsseldorf, a 32 quilómetros de Leverkusen, e resolveram o mal-entendido. E foi aí que começou a influência do jogador nas decisões do selecionador que, ao invés de o castigar, ouviu as suas sugestões. A primeira decisão passou por uma mudança na equipa técnica, com a chegada de Giorgio Contini, assistente técnico que é muito querido junto dos jogadores. Outra das mudanças prendeu-se com a aposta nos três centrais e num futebol com mais intensidade, à semelhança do Bayer Leverkusen.

Yakin viajou durante várias semanas até Düsseldorf para encontrar os conselhos de Xhaka e o resultado foi positivo. O médio começou a sentir-se envolvido na equipa e respeitado pelo treinador que, por sua vez, apoiou-o quando podia ter feito o contrário. Xhaka prima no futebol suíço pelo seu talento e profissionalismo, que o levam a ter um personal trainer e a estudar o seu sono e a alimentação.

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Ainda assim, nem sempre foi assim e o médio esteve envolvido em várias polémicas no passado. No Europeu de 2021, os jogadores tiveram um fim de semana para descansar, mas Xhaka decidiu rumar a um estúdio de tatuagens para acabar uma tatuagem. Para além disso, pintou o cabelo de loiro, o que acabou por não ser bem visto no seu país. Nos últimos Mundiais, o jogador que é de origem kosovar e albanesa, pegou-se com jogadores sérvios, fazendo gestos relativos à independência do Kosovo, que não é aceite na Sérvia.

Numa altura em que a sua carreira caminha para o fim, Xhaka tem conseguido controlar as emoções e essa fator acaba por explicar a grande temporada no Bayer Leverkusen e no Europeu. Na Bundesliga, o suíço foi o jogador com mais toques, melhor precisão de passe e o que cobriu mais espaço, tendo sido incluído no onze do ano.