Joe Biden quis pôr fim aos rumores e especulações e assumiu estar “firmemente comprometido em permanecer na corrida até ao fim”. A questão “de como andar para a frente tem sido difundida por mais de uma semana. É tempo de acabar. Temos uma tarefa. E é derrotar Donald Trump” escreveu numa carta aberta aos Democratas, publicada esta segunda-feira, em que o Presidente norte-americano explica que ouviu os argumentos de tanto apoiantes como opositores.

Depois de um debate inseguro, crítica assumida pelo próprio Biden, várias foram as vozes que apelaram ao Presidente que se retirasse da corrida e deixasse outro Democrata assumir o papel principal na luta contra Trump.

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Joe Biden diz reconhecer as hesitações do partido, mas recusa desistência. “Respondo a tudo isto dizendo clara e inequivocamente que não estaria a concorrer novamente se não acreditasse totalmente que sou a melhor pessoa para derrotar Donald Trump em 2024”, escreve.

Na carta, começa por dizer que teve longas reuniões com líderes e membros do partido e ouviu as suas preocupações, às quais disse não “estar cego”. Depois da campanha de 2020, Biden afirma estar ciente do peso da responsabilidade e agradece o apoio contínuo do partido Democrata.

Deixando claro que vai avançar com a recandidatura, lembra que se assumiu como candidato através de um processo interno do partido e que questionar a sua permanência na corrida seria questionar o processo democrático e os eleitores dentro dos Democratas.

Num apelo direto aos apoiantes, Biden garante que quer honrar o voto de confiança que os eleitores democratas lhe entregaram, não o voto da imprensa, de grupos de pessoas individuais ou de financiadores da campanha – por muito agradecido que lhes esteja.

Colocando-se em confronto direto com Donald Trump, o Presidente considera que tem quatro anos de legislatura para provar o sucesso de uma governação democrata e “uma visão económica” benéfica. “[Donald Trump e os Republicanos MAGA] estão do lado dos ricos e das grandes empresas, nós estamos do lado do povo trabalhador americano“, acusa.

Para além do sucesso económico, Biden diz ser a única candidatura que está a proteger as liberdades dos americanos, apontando o dedo à governação republicana pelas alterações na composição do Supremo Tribunal que levaram à reversão do direito ao aborto, através do Roe v. Wade.

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“Nós estamos a lutar pela democracia americana. Depois do 6 de janeiro, Trump provou que não está capaz de ocupar o cargo de Presidente. Nunca podemos permitir que se aproxime do gabinete novamente”, escreve, numa acusação final ao seu adversário.

“Temos os registos, a visão e o compromisso fundamental com as liberdades americanas e com a vitória da democracia”, frisou. O apelo final de Joe Biden é mais do que um apelo ao voto na candidatura democrata: é um apelo à união do próprio partido.

A 42 dias da convenção democrata e 119 das eleições presidenciais a 5 de novembro, Biden conclui: “É tempo de nos unirmos, andarmos para a frente como uma partido unificado e derrotar Donald Trump”.