Os corpos de oito mulheres foram encontrados numa lixeira de um bairro de lata a sul de Nairobi, anunciou este domingo a polícia, que investiga possíveis ligações a seitas, a assassinos em série ou a médicos envolvidos em atos ilícitos.
A descoberta macabra dos corpos mutilados e desmembrados em sacos de plástico encontrados na lixeira em Mukuru causou indignação no país. O chefe interino da polícia nacional, Douglas Kanja, declarou que os seis primeiros corpos tinham sido encontrados na sexta-feira e outras partes de corpos foram descobertas no sábado. Os inquéritos preliminares indicam que são todos de mulheres.
Os corpos “desmembrados” estão “em diferentes estados de decomposição”, acrescentou Kanja, numa conferência de imprensa, acrescentando que estão em curso investigações.
O responsável policial pediu a cooperação da população para que os autores “destes atos hediondos” sejam levados à justiça.
A idade das vítimas vai dos 18 aos 30 anos e foram todas mortas pelo mesmo método, declarou o chefe da direção de inquéritos criminais, Amin Mohammed.
“Estamos a lidar com uma seita associada a atividades criminosas, estamos perante assassinos em série?”, questionou Amin Mohammed na conferência de imprensa conjunta com Kanja. “Podemos mesmo até ter um caso de médicos desonestos envolvidos em atividades criminosas”, avançou.
O Quénia foi abalado no ano passado pela descoberta, no sudeste do país, de valas comuns contendo os corpos de várias centenas de seguidores de uma seita que os forçou a jejuar até à morte.
O chefe da seita, Paul Nthenge Mackenzie, está atualmente a ser julgado por terrorismo.
A polícia está empenhada em realizar “investigações transparentes, minuciosas e rápidas”, acrescentou Kanja, sublinhando que os agentes da esquadra situada próximo do local onde foram encontrados os corpos foram transferidos para outras zonas.
Na sexta-feira, a autoridade independente de supervisão policial anunciou que estava a investigar se a polícia poderia estar envolvida nos assassínios.
“Os corpos envolvidos em sacos e atados com cordas de nylon, tinham marcas visíveis de tortura e mutilação”, precisou a referida autoridade de supervisão, sublinhando que a lixeira está situada a menos de 100 metros de um posto policial.
A autoridade independente tenta também esclarecer as alegações de raptos e detenções ilegais de manifestantes, que desapareceram na sequência do recente movimento de protesto contra os aumentos de impostos governamentais. No entanto, não estabeleceu qualquer ligação entre os desaparecidos e os corpos abandonados na lixeira.