Os reis Carlos III e Camilla vão visitar a Austrália e a Samoa já no próximo mês de outubro, onde participarão numa cimeira da Commonwealth. A notícia foi confirmada esta segunda-feira pelo Palácio de Buckingham, que informou ainda que esta viagem do soberano britânico e da mulher não passará pela Nova Zelândia, como estava inicialmente previsto, uma vez que a equipa médica que acompanha o monarca — que se encontra a receber tratamento para um cancro — desaconselhou que a deslocação ao exterior fosse prolongada.
“Em estreita consulta com os primeiros-ministros australiano e neozelandês, e tendo em devida conta as pressões de tempo e logística, foi, portanto, acordado limitar a visita apenas a Samoa e à Austrália”, afirmou o Palácio, em comunicado.
Esta será a primeira visita de Carlos III à Austrália desde que subiu ao trono e acontece numa data especial: foi há 30 anos, em 1994, que também naquele país, o atual rei — que era então príncipe de Gales — sofreu um atentado, uma efeméride que se torna motivo de maior curiosidade depois do ataque a Donald Trump deste fim de semana — e da recuperação de outras tentativas de assassinato de chefes de estado ao longo da história.
A 26 de janeiro daquele ano, durante uma visita a Darling Harbour, em Sydney, para celebrar o Dia da Austrália, o filho mais velho da rainha Isabel II quase sofreu um atentado. Carlos III tinha então 45 anos e preparava-se para entregar prémios a um conjunto de crianças, um momento ao qual assistiam cerca de 20 mil pessoas.
Entre a multidão estava David Kang, um jovem de 23 anos que subiu ao palco de Tumbalong Park empunhando uma pistola, que apontou ao príncipe. No entanto, tropeçou e foi imediatamente imobilizado. Já Carlos mostrou-se sempre calmo, de tal forma que, mais tarde, o Daily Mail apelidou-o de “Sua Frieza Real”.
Ian Kiernan, que ajudou a imobilizar Kang e foi apelidado de ‘Australiano do Ano’, contou que o príncipe herdeiro comparou o ataque que sofreu naquele dia ao de um elefante no Quénia. “O príncipe Carlos foi fantástico. Estava frio como um pepino”, afirmou Kierman, naquela altura, à Reuters.
Por seu lado, o atacante afirmou que queria apenas alertar para a situação em que viviam os refugiados do Cambodja, que tinham chegado de barco ao país entre o final da década de 1980 e o início da década de 1990 em busca de asilo, tendo sido enviados para centros de detenção. Ao Sydney Morning Herald, Kang disse ainda que sofria de depressão. O homem foi considerado culpado de ameaça de violência ilegal e condenado a 500 horas de serviço comunitário, de acordo com a mesma publicação.
E o que é feito de David Kang 30 anos depois do incidente?
Atualmente, Kang é advogado e continua a negar ter tentado matar o então príncipe herdeiro. Em 2005, quando Carlos voltou a visitar o país — a primeira vez desde o atentado — Kang deu uma entrevista ao Morning Herald, onde se referiu ao episódio vivido 11 anos antes como “traumático”.
“O que aconteceu há 11 anos foi uma experiência extremamente traumática. Segui em frente com a minha vida e tornei-me advogado aqui em Sydney”, disse Kang. “Não quero trazer de volta essas memórias. Pensar nisso perturba-me. O que aconteceu naquela época foi extremamente traumático e o efeito que teve na minha família foi profundamente perturbador.”
De regresso a 2024, a próxima viagem de Carlos III e Camilla à Oceania prevê-se mais calma. De acordo com a BBC, na Austrália o casal real vai visitar o Território da Capital Australiana e a Nova Gales do Sul. Já em Samoa, os reis vão participar na Reunião de Chefes de Governo da Commonwealth, que reúne delegações dos 56 países que compõem a organização intergovernamental.
Nos próximos tempos serão divulgadas mais informações a respeito desta que é a primeira viagem ao estrangeiro desde que Carlos III foi diagnosticado com cancro, em janeiro deste ano. De recordar que os reis britânicos estiveram na Austrália pela última vez em 2018, para assistirem aos Jogos da Commonwealth, que decorreram em Gold Coast.
Na fotogaleria em cima, veja alguns pontos de paragem de Carlos na sua deslocação à Austrália em 1994.