O Presidente sírio, Bashar al-Assad, disse esta segunda-feira estar disponível para um encontro com o homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, em função do “conteúdo” das conversações, em resposta a uma sugestão do líder da Turquia. Damasco e Ancara romperam todas as relações oficiais em 2011 após o início da guerra civil síria que se prolonga há mais de 13 anos e dilacerou o país.

“Caso um encontro [com Erdogan] conduza a resultados (…) e sirva os interesses do país, então vou fazê-lo”, afirmou Bashar al-Assad em resposta a uma pergunta dos jornalistas. “Mas o problema (…) reside no conteúdo da reunião”, precisou o governante, realçando que “o apoio ao terrorismo e a retirada do território sírio” das tropas turcas constituem “a essência do problema”.

Assad reafirmou desta forma a posição da Síria ao responder a Erdogan, que há dias admitiu que poderia convidar o seu homólogo “a qualquer momento” para uma deslocação à Turquia.

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Posteriormente, no sábado, o Presidente turco anunciou o fim iminente da operação militar das forças turcas contra a guerrilha curda do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, grupo considerado terrorista pela Turquia e pelo Ocidente) no norte do Iraque e da Síria.

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Sem discussão em torno da essência do problema, o que seria do encontro?“, questionou Assad, afirmando que a iniciativa deverá “responder aos interesses” dos dois países.

“É necessária uma reunião, independentemente do nível [dos participantes]”, acrescentou, admitindo que tal iniciativa estava a ser organizada “por determinados mediadores”.

Desde 2022 que Damasco exige a retirada das forças militares turcas do norte do país — onde controlam duas zonas fronteiriças e exercem uma influência no nordeste, controlado pelos ‘jihadistas’ –, como condição prévia a qualquer encontro e normalização das relações.

A Turquia, que era encarado como um privilegiado parceiro político e económico de Damasco, aconselhou o seu aliado no início da rebelião popular na Síria a aplicar reformas políticas, e de seguida apelou à demissão de Bashar al-Assad.

Em março de 2012, a Turquia encerrou a sua embaixada em Damasco, com Erdogan a apelidar Assad de “assassino” e “terrorista”. Ancara também acolheu diversos grupos da oposição política síria, iniciou um apoio a grupos armados rebeldes extremistas e recebeu milhões de refugiados sírios.

A Turquia denunciou de seguida a necessidade de impedir o que Erdogan designou de “corredor do terror” no norte da Síria, onde os curdos sírios instalaram uma administração autónoma, recusada por Ancara e por Damasco.

Em agosto de 2022, Ancara admitiu pela primeira vez a necessidade de reconciliar a oposição e o regime sírio, uma abordagem que suscitou divergências entre as forças que se opõe a Bashar al-Assad.

A guerra civil na Síria foi desencadeada em março de 2011 pela violenta repressão do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, de manifestações pacíficas.

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O conflito ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos jihadistas, e várias frentes de combate.