O júri do tribunal de Nova Iorque considerou o senador democrata Robert Menendez culpado de todas as 16 acusações que enfrentava. A decisão do processo federal por fraude foi anunciada esta terça-feira e avançada pelos media norte-americanos.

Em causa estava um esquema desenhado por Menendez e pela esposa e levado a cabo enquanto ocupou o cargo da liderança democrata do Comité de Negócios Estrangeiros do Senado. O senador pelo Estado de New Jersey vendia informações sobre o gabinete a poderes estrangeiros, nomeadamente do Egito e do Qatar, e empresários norte-americanos em troca de dinheiro, ouro e objetos de luxo.

O casal enfrentava acusações de suborno, fraude, atuação como agente estrangeiro e obstrução. Contudo, o julgamento de Nadine foi adiado enquanto está a ser tratada a um cancro. Fred Daibes e Wael Hana, dois empresários de New Jersey, também foram julgados e condenados por subornarem o senador.

Um terceiro empresário também tinha sido acusado, mas aceitou um acordo com os procuradores e testemunhou contra os Menendez em tribunal, declarando que os tinha tentado subornar com um carro Mercedes.

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Durante o julgamento, os procuradores de Nova Iorque argumentaram que “não era suficiente [para Menendez] ser o homem mais poderoso de Washington, também queria acumular riquezas para ele e para a sua mulher”. Já a defesa insistiu que as ações do democrata foram legítimas e que a acusação utilizou “meias verdades” para colmatar a falta de provas. O advogado Adam Fee tentou ainda apresentar os subornos entregues a Menendez como “presentes generosos em tempos difíceis”.

Contudo, a defesa não foi suficiente para convencer o júri, composto por 12 nova-iorquinos. Os jurados estiveram reunidos ao longo de 13 horas, espalhadas por mais de três dias, avança o canal ABC, tendo anunciado a decisão esta terça-feira.

Esta condenação torna Bob Menendez no sétimo senador norte-americano a ser acusado de um crime federal. Ainda assim, é o primeiro na história a enfrentar a acusação de atuação como agente estrangeiro e a enfrentar duas acusações diferentes de suborno: em 2017, Menendez já tinha a tinha enfrentado, num julgamento que acabou por ser anulado.

Menendez, que é senador por New Jersey desde 2006, enfrenta agora o maior golpe na sua carreira política. O democrata já tinha abdicado do cargo de liderança no Comité de Negócios Estrangeiros, mas recusou abdicar do seu lugar no Senado.

No mês passado, apresentou uma moção à câmara alta do parlamento norte-americano para o seu nome continuar no boletim eleitoral de New Jersey, agora como candidato independente. Mas os jornais norte-americanos preveem que a condenação efetiva aumente a pressão política para que Menendez abdique mesmo do lugar que mantém há quase duas décadas.

*Editado por Cátia Andrea Costa