Uma vez que o Governo decidiu fazer o novo aeroporto em Alcochete “ficamos satisfeitos”, apesar de ainda preferir a solução do Montijo para a nova estrutura aeroportuária de Lisboa — porque era mais rápida, afirmou o presidente executivo do grupo Raynair.

Numa conferência de imprensa realizada esta terça-feira em Lisboa, Michael O’Leary até não critica a data de 2034 para a abertura da nova infraestrutura, desde que se trabalhe para concretizar o projeto, mas defende que é necessário começar já a trabalhar na expansão da Portela. “Por favor aumentem a capacidade da Portela”. Se não, “como vamos crescer em Lisboa?”

O gestor da companhia de low-cost que é um dos principais operadores em Lisboa defendeu ainda as vantagens de uma solução de dois aeroportos para a capital, ainda que esta esteja prevista como transitória, e assegurou que a Ryanair tenciona voar para os dois aeroportos.

Mas manifestou uma preocupação que já não é nova com a extensão do monopólio da ANA à gestão das duas infraestruturas, defendendo que o Governo devia lançar um concurso para a operação do novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete para haver concorrência.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ryanair corta voos em Portugal a atira culpa para subida das taxas imposta por “monopólio francês” nos aeroportos

A Ryanair enviou ao novo Governo um plano “ambicioso” de expansão para Portugal que prevê a duplicação do número de rotas e do tráfego de passageiros até 2030, que envolve a instalação em aeroportos nacionais de novas aviões — num investimento de 1,6 mil milhões de dólares —, além da reabertura da base de Ponta Delgada e o reforço dos voos ponta a ponta para os aeroportos regionais de Açores e Madeira, bem como a redução da sazonalidade.

Os gestores da companhia dizem que a rival Easyjet que ganhou o concurso para os 18 slots que a TAP teve de ceder não estão a usar essa toda capacidade no período do inverno. E justificam uma estagnação do tráfego em Portugal com essa situação, mas também apontando o dedo a um aumento nas taxas cobradas pela ANA às companhias e que em 2024 variaram entre os 17% em Lisboa e os 6% em Faro.

A companhia aguarda uma audiência com o novo ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, para perceber qual a sensibilidade aos seus planos e propostas que incluem também uma rearrumação dos slots atribuídos na Portela a favor da Ryanair.

A guerra contra o aumento das taxas aeroportuárias aplicado pela ANA que “não tem qualquer justificação” e está em contradição com a política adotadas em destinos concorrentes de Portugal é uma velha causa da Ryanair. Nesta conferência de imprensa, onde esteve também o CEO da companhia Eddie Wilson, os gestores da transportadora low-cost voltaram a apelar para uma mudança na regulação económica da concessão dos aeroportos de forma a reduzir as taxas em função de aumentos de tráfego para incentivar as companhias a elevar a sua oferta.

Os gestores da Ryanair desvalorizaram ainda os efeitos positivos da introdução em maio do novo sistema de gestão do tráfego aéreo no aeroporto Humberto Delgado que, segundo a empresa de controlo aéreo NAV, iria otimizar aterragens e saídas de aeronaves e reduzir atrasos. “Não sentimos qualquer mudança ou melhora” na situação dos atrasos este ano, ainda que reconheçam que Portugal não é dos piores casos de demoras provocadas pela gestão do espaço aéreo.