A Ryanair vai reduzir a oferta de e para Portugal, em resposta ao aumento “excessivo” das taxas aeroportuárias a partir de 2024. A companhia vai retirar um avião da base da Madeira e reduzir o tráfego previsto para o Faro e Porto a partir do verão do próximo ano.

A empresa low-cost estima aumentos de taxas aeroportuárias de 17% em Lisboa, de 12% em Faro, 11% no Porto, 9% em Açores e de 6% na Madeira. Esses aumentos resultam do “monopólio do aeroporto de propriedade francesa”, diz a empresa numa referência à Vinci, a dona da ANA. Numa conferência de imprensa realizada esta terça-feira em Lisboa, Michael O’Leary questiona a falta de ação do Governo e, sobretudo do regulador, a ANAC, perante este quadro.

E destaca o contexto internacional em que outros aeroportos estão a baixar taxas para recuperar o nível de tráfego anterior à pandemia.

“Não há justificação para o monopólio da ANA aumentar as taxas até 17% em 2024. O operador monopolista do aeroporto procura taxas ainda mais altas, além das já elevadas taxas aeroportuárias de Portugal, para encher ainda mais os seus bolsos às custas do turismo português e dos empregos, especialmente nas ilhas portuguesas”.

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A companhia aérea já tinha fechado a base nos Açores este ano. Os cortes previstos para outras bases, nomeadamente na Madeira, serão no número de frequências, mas também de rotas.

Michael O’Leary avisou que este aumento de taxas aeroportuárias vai ainda ser mais prejudicial para a TAP já que este é um dos principais custos da companhia aérea e defendeu ainda que o adiamento da privatização por causa da crise política é um também um fator negativo para a transportadora pública que, diz, irá precisar de mais dinheiro dos contribuintes.

O presidente executivo da Ryanair volta a mostrar a sua “frustração” por não ter sido aberto um aeroporto no Montijo, oferecendo-se até para pagar o custo do terminal de passageiros que, do seu ponto de vista, seria o único investimento necessário uma vez que já lá existe um aeroporto (uma base militar) que está a ser alvo de estudos ambientais há mais de dez anos.

Para a Ryanair, a revisão do contrato de concessão da ANA — para além da decisão de construir um novo aeroporto (que para O’Leary só faz sentido ser no Montijo e não num local mais distante) deve ser uma prioridade para o novo governo porque está a bloquear o crescimento do turismo em Portugal. E defende que o desenvolvimento do futuro aeroporto (o Montijo) deveria ser entregue a um outro operador que não a ANA.

O contrato com a empresa vendida à Vinci em 2013 atribui a concessão da exploração dos aeroportos por 50 anos e prevê que o operador possa elevar as taxas aeroportuárias em função do aumento do tráfego. No entanto, e para 2024, a concessionárias fez uma proposta de atualização que incorpora a inflação elevada e aumentos de anos anteriores. A concessionária desvalorizou os aumentos propostos, dizendo que representam menos de 1% do preço médio de um bilhete de avião.

ANA defende proposta tarifária e justifica-a com inflação e acertos de anos anteriores

A companhia de low-cost afasta qualquer intervenção junto das instâncias europeias por causa do aumento das taxas em Portugal porque se o operador for alemão ou francês, que dominam a maioria dos aeroportos europeus, “ninguém quer saber.”

O presidente executivo da Rynair considerou também que Portugal não tem uma estratégia para o setor do turismo, ao contrário dos países que são os principais concorrentes.