Centenas de manifestantes estiveram esta quarta-feira em protesto em Whitehall, do lado de fora da entrada para Downing Street, onde se situa a residência oficial do primeiro-ministro britânico. O protesto aconteceu na sequência do esfaqueamento em Southport, no qual morreram três crianças. A polícia revelou que mais de 100 pessoas foram detidas esta noite.

A imprensa britânica relata que os manifestantes inundaram as ruas no centro de Londres pelas 19h para o protesto “Enough is Enough” [em português, “Já basta”]. Segundo o The Telegraph, a marcha foi promovida por Tommy Robinson, que tem ligações à extrema-direita.

Duas crianças morreram e nove ficaram feridas em esfaqueamento em Southport, no Reino Unido

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A polícia já tinha emitido um comunicado a alertar que atos de desordem teriam uma resposta “rápida”, instruindo os manifestantes a permanecerem nas imediações do portão de entrada de Downing Street e a saírem até às 20h30. No entanto, rapidamente o protesto escalou e ficou marcado por confrontos com os agentes.

A Sky News relata que foram ouvidas frases como “Salvem os nossos filhos”, “Inglaterra até morrer”, “Queremos o nosso país de volta” e “Parem os barcos” junto à residência de Keir Starmer. Também dá conta de que os manifestantes estão a atirar garrafas, latas e tochas contra os agentes. A polícia já fez várias detenções.

Quase 40 policias feridos em vigília pela morte de três crianças em Southport

A manifestação desta quarta-feira surge depois dos distúrbios violentos que irromperam em Southport na terça-feira à noite no final de uma vigília pelas vítimas do esfaqueamento. Quase 40 polícias ficaram feridos, oito com gravidade. A polícia de Merseyside, no noroeste da Inglaterra, admitiu que os envolvidos nos desacatos podem ser apoiantes da Liga de Defesa Inglesa de extrema direita.

A violência escalou depois de surgirem relatos de que o jovem responsável pela morte das três crianças seria um refugiado que chegou de barco, no ano passado, ao Reino Unido. A polícia deixou um apelo para que a desinformação sobre o assunto seja travada.

Há distúrbios nas ruas de Southport e polícia pede que não se especule sobre identidade do suspeito

Starmer: “a pequena minoria de rufiões sem noção”

Depois dos confrontos, o primeiro-ministro britânico reuniu-se esta quinta-feira com os representantes da polícia. “O nosso primeiro pensamento foi obviamente para as vítimas, as suas famílias e a comunidade alargada que está em sofrimento”, declarou Keir Starmer nesta reunião em Downing Street, citado pela Sky News.

À polícia, prometeu mais poderes para poderem fazer frente às manifestações que se seguiram ao ataque, em Southport e em Londres. Estes incluem a partilha de informação entre diferentes forças da polícia, a utilização de tecnologia de reconhecimento facial e medidas preventivas contra comportamentos criminosos, anunciou, preferindo esta abordagem a aumentar o financiamento.

Numa conferência de imprensa à saída da reunião, Starmer condenou os “distúrbios violentos” levados a cabo por “uma pequena minoria de rufiões sem noção”, que tanto atacaram os polícias, como mesquitas, estátuas e ainda fizeram saudações de Nazi. Contudo, não respondeu à questão sobre se isto o ia levar a proibir grupos de extrema-direita.

“Estes rufiões são móveis, andam de comunidade em comunidade e temos de ter uma resposta policial que consiga fazer o mesmo”, argumentou. À comunidade muçulmana que foi vítima de alguns ataques, de motivações racistas, deixou uma palavra “tranquilizador”, garantido que vão tomar “todas as precauções para a manter em segurança”.

Notícia atualizada às 00h18 com a informação da polícia sobre as detenções e novamente às 17h50 do dia 1 de agosto, com as declarações de Keir Starmer.