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O grupo islamita palestiniano Hamas responsabilizou esta quarta-feira Israel pelo assassínio do chefe do gabinete político da organização, Ismail Haniyeh, em Teerão, e disse que esta morte “não vai ficar impune”.

Também a Autoridade Palestiniana (ANP) e países como Irão, Turquia e Rússia juntaram-se ao coro de vozes que condenaram a morte do líder.

Haniyeh “morreu em resultado de um ataque sionista traiçoeiro“, lê-se num comunicado do Hamas, informou a agência de notícias iraniana Tasnim.

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Líder do Hamas assassinado no Irão. O que já se sabe — e o que falta saber?

Também o líder da ANP, Mahmud Abbas, e o secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein al-Sheikh, condenaram a morte de Haniyeh.

Abbas, que governa partes da Cisjordânia ocupada, “condenou veementemente o assassínio do líder do Hamas e considerou-o um ato cobarde e um acontecimento perigoso”, informou a agência de notícias oficial palestiniana Wafa.

Além disso, “apelou às massas e às forças do povo palestiniano para a unidade, a paciência e a firmeza face à ocupação israelita”.

Al-Sheikh, por seu lado, descreveu “o assassínio” de Haniyeh como “um ato cobarde”.

“Obriga-nos a permanecer mais firmes diante da ocupação”, sublinhou nas redes sociais.

O Hamas, que está em guerra com Israel desde 7 de outubro de 2023, disse esta quarta-feira que Haniyeh foi morto num ataque atribuído a Israel, em Teerão, onde se encontrava de visita oficial para assistir à tomada de posse do novo Presidente do país, Masud Pezeshkian.

Até ao momento, as autoridades israelitas não reivindicaram a autoria do atentado nem confirmaram a morte de Haniyeh.

Aiatola Khamenei promete “punição severa” contra Israel e diz que é “dever” do Irão “vingar” o sangue do líder do Hamas

Numa reação, o Irão afirmou que a morte de Haniyeh vai servir para reforçar os laços entre o país e o povo palestiniano e promete “punição severa”.

“Com esta ação, o regime sionista criminoso e terrorista prepara o terreno para uma punição severa para si próprio. Consideramos que é nosso dever vingar o seu sangue, já que foi martirizado no território da República Islâmica do Irão”, disse Aiatola Khamenei, líder supremo do Irão, em declarações difundidas pela agência iraniana Irna e citadas pelo The Times of Israel.

Também o Presidente iraniano Masoud Pezeshkian, garante que Irão vai “defender a sua integridade territorial, a sua dignidade, honra e orgulho, e vai fazer com que os ocupantes terroristas se arrependam do seu ato cobarde”, segundo declarações difundidas pela imprensa iraniana.

De acordo Nasser Kan’ani, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, citado pela agência de notícias oficial Mehr, “o martírio do irmão Ismail Haniyeh em Teerão reforçará os laços profundos e inquebráveis entre a República Islâmica do Irão e a amada Palestina e a Resistência“.

Kan’ani expressou ainda “condolências pelo martírio de Ismail Haniyeh”.

Outros países já reagiram à morte do chefe do Hamas, com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Mikhail Bogdanov, a denunciar um “inaceitável assassínio político”.

A Turquia condenou o “pérfido assassinato” de Haniyeh e garante que a “barbárie sionista não alcançará os seus objetivos”. Em publicação no X, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan. um aliado próximo do ex-líder, classificou o ataque de “vil” e com o único objetivo de “perturbar a causa palestiniana, a nobre resistência de Gaza e a luta legítima dos irmãos palestinianos, para quebrar a vontade dos palestinianos e intimidá-los” — objetivo que afirma que não será alcançado.

Ainda o gabinete do chefe da diplomacia turca, Hakan Fidan, pronunciou-se sobre o sucedido:”Mais uma vez, ficou demonstrado que o governo de Netanyahu não tem qualquer intenção de alcançar a paz”.

Já o Qatar questiona negociações entre Israel e o Hamas após morte de Haniyeh. O primeiro-ministro do Qatar, Mohammed ben Abdelrahmane Al-Thani, questionou esta quarta-feira se a mediação entre Israel e o Hamas deve continuar após o assassinato do líder. “Os assassinatos políticos e o facto de os civis continuarem a ser alvo de ataques em Gaza (…) levam-nos a perguntar como é que a mediação pode ser bem sucedida quando uma parte assassina o negociador da outra parte”, escreveu o primeiro-ministro nas redes sociais.

“A paz precisa de parceiros sérios”, acrescentou na mesma mensagem, numa altura em que não ocorrem contactos nas negociações sobre eventuais tréguas em Gaza.

O governo do Paquistão seguiu o exemplo dos vários países, afirmando que foi um “ato imprudente. Um aventureirismo na região” ” e alertou para uma possível “escalada perigosa”. o ministério dos Negócios Estrangeiros paquistanês destacou ainda num comunicado, citado pela Aljazeera, que os últimos atos de Israel constituem “uma escalada perigosa numa região já de si volátil e minam os esforços de paz”.

Filho de líder do Hamas garante que resistência não vai terminar

Abdul Salam, filho do líder do Hamas morto no ataque em Teerão, também assegurou que a resistência do movimento islamita não vai terminar com o “assassinato dos seus líderes”.

Estamos numa revolução e numa batalha contínua contra o inimigo, e a resistência não termina com o assassinato dos líderes”, afirmou Salam, citado pela agência noticiosa iraniana Mehr, referindo, sem detalhar, que o “desejo” do seu pai “foi realizado”.

O chefe do gabinete político do movimento do Hamas e um dos seus guarda-costas, foram mortos num ataque aéreo em Terão, segundo a imprensa local.

“Haniyeh estava numa das residências especiais para veteranos de guerra no norte de Teerão quando foi morto por um projétil aéreo”, informou a agência de notícias local Fars, uma informação repetida por outros meios de comunicação social.

Haniyeh nasceu no campo de refugiados de Al-Shati, na Faixa de Gaza ocupada pelo Egito em 1962. Estudou na Universidade Islâmica de Gaza, onde se envolveu pela primeira vez com o Hamas. Licenciou-se em literatura árabe em 1987.

Foi escolhido para dirigir um gabinete do Hamas em 1997 e em 2006 liderava a lista do movimento que ganhou as eleições legislativas palestinianas, transformando-se no primeiro-ministro de um governo de unidade com o Fatah de Mahmud Abbas.

As divergências entre as duas formações terminaram com a expulsão do Fatah de Gaza e a tomada do poder no enclave pelas forças fundamentalistas, governado pelo Hamas desde 2007.