O Porto e Norte de Portugal e a Galiza, em Espanha, apresentaram esta quinta-feira, em Vigo, o Cluster Tur, projeto que visa desenvolver uma estratégia conjunta de uma eurorregião como um destino turístico único e sustentável.

Entre as principais linhas de ação deste cluster (agrupamento) está a elaboração de uma “estratégia conjunta para desenvolver até 2030, identificando os recursos e os produtos estratégicos com maior potencial de internacionalização, promovendo a eurorregião como um destino sustentável e articular iniciativas que acrescentem valor aos Caminhos de Santiago”, lê-se na nota de imprensa entregue esta quinta-feira aos jornalistas presentes na cerimónia de apresentação do projeto.

Durante a cerimónia de apresentação do projeto ClusterTur, o diretor do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) da eurorregião Galiza-Norte de Portugal, Nuno Almeida, afirmou que era com uma “enorme satisfação” que assumia a liderança deste projeto.

“É um desafio para os próximos dois anos (…) Sobretudo apoiados nos nossos dois parceiros instituicionais que é o Turismo da Galiza e o Turismo do Porto e Norte. Vamos ver se vamos conseguir o objetivo de criar um eixo estratégico de cooperação no setor do turismo, associando dois elementos cruciais da eurorregião, que são a espiritualidade e uma certa comunhão em termos de futuro para a nossa região”.

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Nuno Almeida anseia que “este território seja uma referência na promoção conjunta dos Caminhos de Santiago em Portugal e do grande património cultural, gastronómico e enoturístico” para apresentar ao mundo.

Segundo o diretor de Turismo da Galiza, Xosé Merelles, o novo projeto traz uma estratégia conjunta e articulada entre Galiza e o Norte de Portugal que vai permitir empreender ações de networking e capitalizar os “recursos comuns e endógenos, como os Caminhos de Santiago e a enogastronomia”.

“É um projeto chave para reforçar sinergias entre ambos os territórios e possibilitará convertermo-nos no primeiro cluster transfronteiriço turístico Galiza-Norte de Portugal. É fundamental que a atividade turística seja sustentável (…). O projeto cluster é um exemplo perfeito para trabalhar um destino turístico com uma estrutura de trabalho em rede, em diferentes mercados nacionais e internacionais. Vamos concentrar os nossos esforços para implementar uma estratégia sustentável internacional”, declarou.

Xosé Merelles recordou que Portugal é o primeiro país emissor de turistas para a Galiza, representando 624 mil dormidas, o que representa cerca de 20% do total. Uma tendência que mantém com os dados disponíveis no primeiro semestre do corrente ano, onde se registou uma subida de 15% em relação a período homólogo de 2023.

O presidente do Turismo do Porto e Norte (TPNP), Luís Pedro Martins, declarou esta quinta-feira ser “um dia histórico para o Porto e Norte de Portugal e a Galiza”, referindo que “não é de hoje que estas duas regiões se ligam” e que outrora já foram uma só região, a “Galécia, com a mesma área geográfica e a mesma língua”.

Luís Pedro Martins atreveu-se até a dizer que a Galiza é “mais portuguesa que castelhana” e o “Porto e Norte é mais galego do que lusitano”, e mostrou vontade em continuar o trabalho começado há 33 anos de união das duas regiões.

O presidente da TPNP acrescentou, por seu turno, que a criação do primeiro cluster de turismo de uma eurorregião “vai permitir aos dois territórios apresentarem-se junto dos mercados, especialmente os de longa distância, de forma mais competitiva, potenciando a ideia de dois países, um destino”.

O ClusterTur é um dos cinco projetos do Programa de Cooperação Transfronteiriço Interreg Espanha—Portugal (POCTEP) que visam unir sinergias entre os dois lados da fronteira.

A iniciativa é orçada em 700 mil euros, sendo que 520 mil são oriundos de fundos europeus.