Os taiwaneses acompanharam ao detalhe a final de badminton em pares nos Jogos Olímpicos de Paris — que colocou frente a frente a sua seleção e a China — e, no final, multiplicaram-se os festejos por toda a ilha, depois da vitória frente à grande potência asiática, conta a Reuters.

Wang Chi-Lin e Lee Yang, de Taiwan — que entraram para a final com o estatuto de campeões olímpicos em título — venceram por 2-1 contra os chineses Liang Weikeng e Wang Chang, num jogo que se disputou este domingo. A expectativa em Taiwan em torno da partida era elevada e justificada: poderia ser a primeira medalha de ouro para o país nestes Jogos Olímpicos.

Por isso, foram instalados ecrãs gigantes para a população na ilha poder acompanhar o jogo: um deles juntou mais de mil pessoas, que vibraram com cada ponto conquistado pelos compatriotas em Paris.

São bem conhecidas as tensões polícias e militares que envolvem Taiwan e a China, país que considera a ilha uma província rebelde, parte inalienável do seu território. Nos Jogos Olímpicos, Taiwan compete sob a designação de ‘Taipei Chinês’ em vez de Taiwan desde 1984, para evitar objeções de Pequim. Na altura, Pequim exigiu que Taiwan não usasse seu próprio nome, bandeira ou hino para poder reintegrar a competição olímpica. Taipé aceitou e as regras têm sido mantidas até hoje.

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No jogo deste domingo frente à China, ficaram bem visíveis essas mesmas tensões. Um dos elementos que garantia a segurança das bancadas do Pavilhão Georges Carpentier, em Paris, onde decorria o jogo de badminton, retirou a um espetador uma espécie de tarja com a frase “Go Taiwan” (Força Taiwan). A tarja era de cor verde, a cor usada pelo Partido Democrático Progressista da ilha, bem como por aqueles que defendem a independência de Taiwan e uma maior autonomia para a ilha.

O incidente em Paris já provocou uma reação do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, que diz “condenar fortemente a forma bruta e desprezível como indivíduos mal intencionados retiraram impiedosamente o slogan ‘Go Taiwan'”. “Este ato violento não só não é educado, como também viola gravemente o espírito civilizado representado pelos Jogos Olímpicos. Também viola o Estado de direito e infringe a liberdade de expressão”, afirmou o ministério num comunicado, citado pela CNN.

Ainda antes deste incidente, o porta-voz do Comité Olímpico Internacional, Mark Adams, tinha dito, no sábado, que “apenas bandeiras de países e territórios que participam dos Jogos são permitidas” nas bancadas.