Judeus ultraortodoxos que se opõem ao serviço militar obrigatório em Israel invadiram esta terça-feira uma base militar próxima de Telavive, indicou o Exército.

“Dezenas de manifestantes tentaram irromper pela base de Tel Hashomer durante protestos que estavam a decorrer no exterior” do complexo, que é o quartel-general da unidade de recrutamento do Exército israelita, precisou este num comunicado.

Alguns manifestantes, membros de grupos radicais do judaísmo ultraortodoxo, conseguiram infiltrar-se na base antes de serem expulsos pela polícia, segundo a mesma fonte.

O Exército condenou o “comportamento violento” dos participantes no protesto e defendeu que estes deverão ser “judicialmente responsabilizados”.

“O recrutamento de cidadãos ultraortodoxos é uma necessidade e está a ser efetuado nos termos da lei“, sublinhou.

Historicamente, os ultraortodoxos estavam isentos do serviço militar obrigatório em Israel se se dedicassem ao estudo dos textos sagrados do judaísmo, de acordo com uma norma introduzida por David Ben Gurion, fundador do Estado de Israel, em 1948.

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Mas, em junho deste ano, o Supremo Tribunal ordenou o recrutamento dos estudantes das escolas talmúdicas, considerando que o governo não tinha o direito de continuar a dispensá-los do cumprimento do serviço militar “na ausência de um quadro jurídico adequado”.

Desde que o Exército anunciou, em meados de julho, que estava a enviar avisos de recrutamento aos judeus ultraortodoxos, multiplicaram-se em Israel as manifestações de opositores a qualquer forma de serviço militar desse segmento da população do país.

O Exército invocou o “aumento das necessidades operacionais”, devido à guerra contra o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, em curso desde 7 de outubro do ano passado, aos confrontos transfronteiriços quase diários com o Hezbollah libanês na fronteira norte de Israel e ao aumento da violência na Cisjordânia ocupada.

Os ultraortodoxos representam cerca de 14% da população judaica de Israel, segundo o Instituto Israelita para a Democracia, o que corresponde a quase 1,3 milhões de pessoas.

Cerca de 66.000 homens ultraortodoxos em idade de cumprir o serviço militar beneficiam ainda da isenção, segundo o Exército.