A qualidade da água do rio Sena, ou a ausência dela, tem sido uma das principais histórias dos Jogos Olímpicos de Paris. Nos últimos dias, porém, o tema ganhou contornos mais graves quando a belga Claire Michel foi hospitalizada na capital francesa com uma infeção pela bactéria E. Coli depois de ter participado na prova feminina de triatlo. Algo que, afinal, não era verdade.

Numa publicação nas redes sociais, a triatleta de 35 anos explicou que a bactéria não foi encontrada nos exames e análises que realizou no hospital depois de ter tido sintomas gastrointestinais. “Tem existido muita informação contraditória a aparecer na comunicação social, por isso quero clarificar algumas coisas: os exames ao sangue mostraram que contraí um vírus, mas não E. Coli. Depois de três dias a vomitar e com diarreia, o que me deixou sem forças. No domingo, acabei por precisar de cuidados médicos mais significativos e passei o dia no hospital”, escreveu Claire Michel, acrescentando que entretanto já regressou à Bélgica.

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Depois da hospitalização da triatleta, a comitiva belga acabou por decidir não participar na estafeta mista de triatlo desta segunda-feira, onde Portugal ficou no 5.º lugar. Quase ao mesmo tempo, também a delegação da Suíça anunciou que Adrien Briffod, que tinha estado no triatlo masculino três dias antes, estava doente com uma infeção no estômago — ainda que sublinhasse que era “impossível” dizer se o incidente estava relacionado com a qualidade da água do Sena.

Já está terça-feira, entretanto, algo semelhante aconteceu na comitiva de Portugal. Vasco Vilaça, triatleta que participou tanto na prova masculina como na estafeta mista, desenvolveu nas últimas horas “sintomas compatíveis com infeção gastrointestinal”. “O quadro clínico é estável e todas as medidas estão a ser tomadas por parte da equipa de saúde para a monitorização e prover, na Aldeia Olímpica, o tratamento conservador devido ao atleta”, começa por indicar o comunicado do Comité Olímpico de Portugal, que ao Observador adiantou ainda que o atleta português ainda não vai regressar a casa esta quarta-feira, como estava previsto.

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“A World Triathlon, federação internacional da modalidade, garantiu, nos dias de competição de Triatlo, que a avaliação da qualidade da água cumpria com os regulamentos definidos. Não obstante o cumprimento dos limites de segurança exigidos, a presença de alguns dos parâmetros avaliados comporta um risco de infeção neste contexto ambiental”, acrescenta a nota, que refere ainda que também Melanie Santos desenvolveu “sintomatologia idêntica, mas de forma menos aguda”.

Depois da realização da estafeta mista, o L’Équipe noticiou que a qualidade da água do Sena não permitia cumprir a prova no dia agendado e que tinham sido os próprios atletas a insistir que a competição se realizasse. Ainda assim, o Observador sabe que ninguém da equipa técnica portuguesa, nem os próprios triatletas, foi contactado sobre a possibilidade de cancelamento ou manutenção da prova.