Carles Puigdemont, o ex-líder da Catalunha, criticou na rede social X o “espantoso, incompreensível e delirante dispositivo policial” que foi instalado na quinta-feira, quando foi discursar a Barcelona. “Não foi compreendido por ninguém e só serviu para incomodar os cidadãos”, declarou.
A mensagem foi enviada a partir de Waterloo, na Bélgica, onde regressou depois da passagem pela Catalunha. Confessou o cansaço “depois de alguns dias extremamente difíceis”.
Avui sóc a Waterloo després d'uns dies extremadament difícils. Cal analitzar la situació política i posar en perspectiva la raó profunda de l'operació que va fer possible el que va ocórrer ahir. I ho faré. Però són milers de quilòmetres en molt pocs dies i moltes jornades d'una…
— krls.eth / Carles Puigdemont (@KRLS) August 9, 2024
Puigdemont teceu duras críticas à conferência de imprensa feita pelo Departamento do Interior do governo regional, classificando o evento como “uma das conferências de imprensa mais deploráveis” de que tem memória.
Puigdemont regressou à Bélgica, mas antes dormiu no norte da Catalunha
“Não posso acreditar que a caça às bruxas que se desencadeou contra algumas pessoas específicas, simplesmente porque foram vistas ao meu lado em determinados momentos, esteja a ser encenada a partir de esferas políticas que enchem a boca de luta anti-repressiva”, declarou. Mencionou a onda “repressiva” que considera ter sido iniciada pelo conselheiro da Administração Interna Joan Ignasi Elena.
“Tenho muita pena das pessoas que estão a ser alvo da ira de políticos e agentes da polícia que sabem que não estão à altura da tarefa”, atirou, criticando o “gasto inútil de dinheiro público”, que seria “melhor usado a combater o crime organizado do que a processar políticos que não têm uma única condenação”.
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Explicou que nunca teve vontade de “se entregar voluntariamente ou de facilitar a minha detenção” porque considera “inaceitável” a perseguição por razões políticas, “ainda por cima, a lei da amnistia”.
“Entendo as razões pelas quais o Supremo está obcecado em ter-me nas mãos, mas nem a atuação nem a reação dos comandos políticos e policiais dos Mossos d’Esquadra [ndr: polícia da Catalunha] são compreensíveis ou aceitáveis”, considerou.
Deixou também uma consideração final. Se Elena e o Departamento do Interior do governo da Catalunha “tivessem cumprido a lei e dado a escolta” necessária, “saberiam a todo o momento qual era o percurso por Barcelona e pela Catalunha”. “Não precisariam da operação delirante de ontem, que fará para sempre parte da sua biografia pública. E não exatamente como um mérito.”