O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, afirmou esta segunda-feira que 25 pessoas foram assassinadas entre 29 e 30 de julho, pico dos protestos pós-eleitorais, e outras 192 feridas com armas de fogo, armas brancas e objetos contundentes.

Mais de 2.200 detidos, entre eles 13 jornalistas, em protestos após presidenciais na Venezuela

As mortes registaram-se durante manifestações violentas, após as eleições presidenciais de 28 de julho, em que Nicolás Maduro foi declarado reeleito para um terceiro mandato de seis anos, mas cujos resultados são rejeitados pela oposição venezuelana e parte da comunidade internacional.

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“Durante estas expressões criminosas, entre outros acontecimentos lamentáveis, foram mortas 25 pessoas, entre as quais dois oficiais da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar), um em Arágua e outro em Nueva Esparta”, disse Saab.

O procurador falava durante uma sessão do Conselho de Defesa e do Conselho de Estado, na qual participou o Presidente Nicolás Maduro, o alto comando militar e vários integrantes do Governo.

“Depois de um levantamento da informação sobre cada um dos casos após 586 procedimentos periciais e de investigação (…) podemos dizer (…) que todas estas mortes podem ser atribuídas a grupos criminosos instrumentalizados pelos mal chamados ‘comanditos'”, disse o procurador, referindo-se a grupos afetos à oposição.

Saab adiantou que o maior número de mortes ocorreu na Área Metropolitana de Caracas e em Arágua [7 em cada região], mas que se registaram também mortes nos estados de Bolívar, Yaracuy, Nueva Esparta, Miranda, Táchira e Zúlia.

Alegou ainda que 68% dos homicídios ocorreram no período noturno, apontando ataques a instituições educativas, sedes regionais do Conselho Nacional Eleitoral, do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido de Governo), câmaras municipais, infraestruturas de transportes e esquadras e viaturas policiais e das forças de segurança, além de unidades de saúde, uma estação de rádio e 27 estátuas, entre elas do herói da independência Simón Bolívar e do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013).

“Isto não tem nada de uma manifestação pacífica (…) estas ações terroristas instrumentalizadas pelos ‘comanditos’ deixaram um saldo de 25 assassínios, 192 feridos com armas de foto e armas brancas, vários objetos contundentes e bombas incendiárias”, frisou.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de luso descendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um “ciberataque” de que alegadamente foi alvo.

Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de mais de duas mil e duzentas detenções.