A Digi afirma que as negociações para o licenciamento de conteúdos de media em Portugal “estão em curso” e espera que as dificuldades sejam ultrapassadas “nos próximos meses”, antes do lançamento oficial dos serviços de telecomunicações no mercado português, algo que deverá acontecer até ao final do ano (ainda que não tenha sido apresentada uma data concreta).

O CEO da operadora romena, Serghei Bulgac, adiantou que “tenciona” que as negociações com os grupos que detêm as televisões em Portugal cheguem a bom porto e admitiu que o facto de ter chegado a acordo para adquirir a Nowo “ajuda um pouco”. “De facto, se não tivermos contratos, a Nowo tem contratos [assinados]” com essas entidades, acrescentou, salientando, ainda assim, que se tratam de “fluxos de trabalho separados”.

As declarações do responsável da Digi foram feitas à margem da apresentação dos resultados financeiros do primeiro semestre do ano e surgem depois de o jornal Eco ter avançado que a empresa estava a enfrentar dificuldades nas negociações com alguns canais de televisão, nomeadamente com os grupos detentores da SIC e da TVI.

Quanto à aquisição da Nowo, que foi anunciada no início do mês e que está pendente de aprovação regulatória, Serghei Bulgac afirmou que surgiu “repentinamente no último mês”. E justificou que a “transação” foi feita “por várias razões”: “Estávamos muito interessados em integrar o espectro que a Nowo adquiriu em 2021”, começou por explicar. Por outro lado, a integração daquela que é a quarta maior operadora de telecomunicações em Portugal ajuda a “expandir a quota e a presença no mercado um pouco mais rapidamente”.

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Digi avança para compra da Nowo por 150 milhões

Ao ser confrontado, na conferência de apresentação dos resultados — em que a Digi revelou que as receitas aumentaram, no primeiro semestre do ano, de 809,3 milhões de euros para 918,1 milhões de euros (cerca de 13%) e que os lucros mais do que duplicaram (de 26,8 milhões de euros para 54,3 milhões) —, o CEO da empresa romena rejeitou que o valor que pagou pela Nowo — 150 milhões de euros — seja demasiado elevado ou muito superior a outros praticados pela empresa. “A compra da Nowo é estrategicamente importante para nós”, afirmou, revelando estar em contacto com a Autoridade da Concorrência para avançar com a aquisição.

Serghei Bulgac foi também questionado sobre se a Digi, que pretende oferecer vários serviços aos portugueses (desde televisão paga a banda larga fixa ou rede móvel), vai apostar em períodos de fidelização por dois anos, como fazem os concorrentes no mercado. Na resposta, afirmou que, embora a decisão final ainda não tenha sido tomada, essa não é “usualmente” a estratégia da empresa. “Essa não é a nossa intenção”, disse, salientando que o foco está em apresentar “preços atrativos” para possíveis clientes.

A estratégia de preços que a operadora romena pretende aplicar no mercado português não foi revelada, com o responsável a adiantar que mais pormenores serão dados “após o lançamento, que chegará em breve”. Quanto ao roaming nacional em Portugal, uma vez que foi noticiado que a Digi não tinha chegado a acordo com as operadoras, o CEO argumentou que as ofertas apresentadas não foram “satisfatórias” — mas sinalizou que deseja alcançar um entendimento. Se tal não for possível, a empresa admite avançar somente com infraestrutura própria.

“Se conseguirmos chegar a um acordo de roaming é algo que ainda estamos interessados em fazer”, porém “o cenário principal é continuar com a nossa própria rede e acreditamos que a nossa própria rede cobre suficientemente bem toda a população de Portugal e estamos muito ocupados nas últimas fases para lançar estes serviços ainda este ano”, reiterou Serghei Bulgac.

Digi vem aí, só não se sabe quando. O mercado de telecom já mexe com a perspetiva dos preços “competitivos” vistos em Espanha?