As autoridades norte-americanas detiveram e acusaram esta quinta-feira várias pessoas no âmbito da morte de Matthew Perry, a 28 outubro do ano passado. As detenções foram confirmadas ao canal NBC por fontes da polícia e horas depois, os procuradores apresentaram uma queixa no tribunal federal da Califórnia contra o assistente pessoal e os dois médicos do ator de Friends, assim, como um conhecido de Perry, um outro médico e um traficantes de droga.

Os seis suspeitos são acusados de terem adquirido milhares de euros em cetamina e de terem entregue a droga ao ator, mesmo sabendo que este tinha um histórico de toxicodependência, pode ler-se no documento do tribunal, citado pelo The New York Times. As acusações incluem “conspiração para distribuir cetamina”, “distribuição de cetamina que levou à morte”, “posse com intenção de distribuir metanfetaminas” e “alteração e falsificação de registos relacionados com uma investigação federal”.

Autópsia concluiu que cetamina foi consumida depois do último tratamento

Perry foi encontrado morto no jacuzzi da sua casa em Los Angeles no dia 28 de outubro de 2023 e a autópsia classificou a morte como acidental, causada por uma overdose de cetamina. Em maio, a polícia de LA já tinha relatado que estava a trabalhar com as autoridades federais para encontrar a origem da cetamina consumida por Matthew Perry.

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Autópsia revela que Matthew Perry morreu acidentalmente devido a “efeitos agudos da cetamina”

O ator não escondia a luta contra a toxicodependência e, à data da morte, estava a fazer um tratamento para a depressão e ansiedade, que incluía transfusões regulares de cetamina, tendo por isso uma prescrição médica para a substância. Contudo, a autópsia concluiu que a droga encontrada no corpo tinha sido consumida depois do último tratamento. Isto porque a cetamina permanece no corpo durante pouco tempo após o consumo e o último tratamento de Perry tinha sido uma semana antes da sua morte.

As doses de quetamina encontradas na autópsia eram elevadas, equivalentes à quantidade utilizada para uma anestesia geral durante uma cirurgia, assinalou ainda o médico legista.

O plano complexo entre o assistente pessoal do ator e dois médicos

Os documentos do tribunal detalham um plano complexo entre o assistente pessoal do ator, Kenneth Iwamasa, e dois médicos no centro de saúde que Perry frequentava para o seu tratamento — Salvador Plasencia e Jasveen Sangha — para vender cetamina ao ator, prescrevendo-a como medicação. Também envolvidos na acusação estão Erik Fleming, um conhecido de Perry, outro médico, Mark Chavez.

Os médicos e os dois homens próximos de Perry trocaram várias mensagens em que perguntavam: “quanto é que achas que este idiota vai pagar?” e “vamos descobrir”. Durante a investigação das autoridades, Plasencia falsificou o plano de tratamento de Perry. O ator devia estar a receber no máximo 60 miligramas de cetamina em 24 horas quando, na verdade, estava a receber bem mais, injetado pelos médicos e pelo assistente no centro de saúde, em casa e até em locais públicos.

Fleming cumpria o papel de ligação entre o traficante, os médicos e o assistente, transportando dezenas de frascos da droga entre as várias partes. Na semana antes de 28 de outubro, dia da morte de Matthew Perry, Iwamasa injetou-o com mais de 20 doses em menos de quatro dias, dose que acabou por levar à sua morte.

A investigação das pessoas que facilitaram o acesso a droga em casos que levaram à morte de alguém não é incomum, nota a NBC. Principalmente quando se trata da morte de celebridades ou figuras reconhecidas. Em 2009, o médico de Michael Jackson foi acusado de homicídio involuntário, por lhe ter dado as doses erradas de medicamentos que levaram à sua morte. Já em 2021, os procuradores de Nova Iorque apresentaram uma queixa contra as quatro pessoas que venderam heroína com fentanil ao ator Michael K. Williams, droga que levou à sua morte.

Notícia atualizada às 18h30 com informações relativas à acusação.