Tudo mudou depois da passagem por Portugal. À exceção do contrarrelógio inaugural, as etapas portuguesas trouxeram pouca emoção à Vuelta, mais por conta do percurso escolhido pela organização do que propriamente pela vertente tática e a postura das equipas. Na etapa de terça-feira, Primoz Roglic (Red Bull-Bora-hansgrohe) foi o melhor no Pico Villuercas e assumiu a liderança, com apenas oito segundos de vantagem para João Almeida (UAE Emirates), que confirmou a candidatura à vitória.

Vuelta: João Almeida terceiro na etapa e segundo na classificação geral. Roglic vence e fica de vermelho

“Esteve muito, muito calor o dia todo. Provavelmente, acho que foram batidos alguns recordes de temperatura em alguns pontos. A equipa fez um trabalho fantástico com os bidons e o gelo para nos refrescarmos e nos mantermos hidratados. Na última subida, estávamos numa posição perfeita. Consegui encontrar algumas boas pernas e acabar em terceiro. Foi um dia positivo para mim”, partilhou o português que, para além de ter subido ao segundo lugar da geral, assegurou a liderança da equipa, dado o atraso, superior a um minuto, de Adam Yates.

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Para esta quarta-feira estava reservada mais uma etapa tranquila e com final presumivelmente ao sprint. Ainda assim, a chegada à cidade de Sevilha fazia antever um percurso de 177 quilómetros marcado pelo calor, com temperaturas a rondar os 40ºC. Ibon Ruiz (Kern Pharma) e Txomin Juaristi (Euskaltel-Euskadi) voltaram a estar ativos nesta quinta etapa e, desde cedo, isolaram-se do pelotão. Contudo, a fuga do dia acabou por não vingar, dado o controlo das equipas dos sprinters.

Com o pelotão compacto a cerca de 40 quilómetros da capital da Andaluzia, o ritmo da corrida foi aumentando paulatinamente, ainda que o forte calor tenha sido um grande adversário dos corredores. O momento mais marcante da etapa apareceu a 10 quilómetros do fim, altura em que, numa rotunda, Owain Doull foi ao chão e levou consigo o companheiro de equipa Rui Costa (EF Education-EasyPost). Depois de vários minutos combalido, o português levantou-se e dirigiu-se para o carro da equipa para abandonar a prova. De acordo com as imagens televisivas, o poveiro caiu sobre o ombro esquerdo, depois de já ter lesionado o direito no início do ano, na Volta ao Algarve.

A corrida prosseguiu com Alpecin-Deceuninck e Visma-Lease a Bike no comando do grupo. A dois quilómetros da meta, o líder da Soudal Quick-Step, Mikel Landa, furou uma das rodas e ficou para trás, embora tenha terminado com o mesmo tempo do restante pelotão. O sprint final foi lançado por Wout van Aert (Visma), que voltou a perder na ponta final e acabou ultrapassado por Pavel Bittner (dsm-firmenich) em cima da linha de meta. O checo somou a terceira vitória como profissional, a primeira numa Grande Volta — venceu duas vezes na última Volta a Burgos. Kaden Groves (Alpecin) foi terceiro.

Nelson Oliveira (Movistar) e João Almeida chegaram no grupo, nas 75.ª e 80.ª posições, respetivamente, pelo que a geral se manteve intacta antes de mais uma etapa com chegada em alto.