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Bisan Atef Owda, jornalista e ativista palestiniana, foi nomeada para os Emmys numa das categorias de reportagem, de curta duração, com It’s Bisan from Gaza and I’m Still Alive (“É a Bisan de Gaza e ainda estou viva”). Depois de ter sido criticada por alegadas ligações à Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), a retirada da reportagem das nomeações foi pedida mas a Academia dos Emmys não aceitou.

Owda documentou a sua jornada de sair de casa, em Beit Hanouncom, com a sua família para fugir do conflito na Faixa de Gaza e, juntamente com o AJ+, foi nomeada para os Emmys, no entanto, a Creative Community for Peace (CCFP), uma organização judaica sem fins lucrativos, alegou que a jornalista tem laços com a Frente Popular para a Libertação da Palestina, um grupo que é uma organização designada terrorista nos EUA, Japão e União Europeia.

No documentário de oito minutos filmado e narrado por Bisan Owda e produzido pela AJ+ que faz parte da Al Jazeera Media Network, a jornalista mostra como era a sua vida no final de outubro quando vivia numa tenda do lado de fora do hospital Al-Shifa na Cidade de Gaza.

Na passada segunda-feira, a Creative Community for Peace, uma organização pró-israelita da indústria do entretenimento, divulgou uma carta aberta apelando à Academia dos Emmys para que retirasse a nomeação de Bisan Owda na categoria de notícias e documentários.

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Nesta carta, que reuniu mais de 150 assinaturas de CEO, advogados, músicos e produtores, é referida preocupação pela inclusão de uma pessoa que alegadamente participou em comícios da FPLP e disseminou conteúdo antissemita. O diretor executivo do CCFP, Ari Ingel, considerou que “a decisão dos Emmys de homenagear alguém com ligações claras a um grupo terrorista designado pelos EUA é indesculpável e nunca deveria ter acontecido. Seria legitimar uma organização terrorista”.

“Se os Emmys não mudarem de rumo e anularem esta nomeação, estarão a glorificar alguém que é membro de uma organização que levou a cabo numerosos sequestros de aviões, participou no massacre de 7 de outubro em Israel, levou a cabo vagas de atentados bombistas em mercados e restaurantes e assassinou mulheres e crianças inocentes”, acrescentou Ingel.

Israel usou protocolo que pode ter posto em risco a vida de civis durante o ataque de 7 de outubro

Mas esta quarta-feira o diretor executivo da academia de artes e ciências televisivas, Adam Sharp, defendeu que a reportagem de Bisan deveria continuar nomeada.

Numa resposta endereçada à Creative Community for Peace, Adam admite que nas últimas décadas os Emmys foram várias versos “controversos”, já que deram “uma plataforma a vozes que certos espetadores podem considerar condenáveis ou mesmo detestáveis”. “Mas todos estiveram ao serviço da missão jornalística de registar todas as facetas da história”, insistiu.

A Al Jazeera, em comunicado, afirmou estar ao lado de Owda “face aos esforços para silenciar as suas reportagens a partir de Gaza” e sublinhou que as alegações são “infundadas” e “uma tentativa de silenciar Bisan e que representam uma ameaça real à sua segurança no terreno”.

O pedido de anulação da nomeação para os Emmys não passa de uma tentativa de negar ao público mundial uma perspetiva importante sobre a guerra e o seu impacto devastador sobre civis inocentes”, lê-se no comunicado.

A reportagem de Owda já recebeu um Peabody Award e um Edward R. Murrow Award, dois importantes prémios de jornalismo. Os prémios Emmys para notícias e documentários serão anunciados no próximo mês em Nova Iorque.

A reportagem It’s Bisan from Gaza and I’m Still Alive (“É a Bisan de Gaza e ainda estou viva”) vai concorrer com outras reportagens da CNN e do The Guardian,uma  sobre a Ucrânia do The New York Times e uma do Haiti pela PSB.