Pavel Durov, o empresário fundador e atual CEO da aplicação de mensagens encriptadas Telegram, foi detido na noite deste sábado, após ter aterrado em solo francês por volta das 20h (hora local, 19h em Lisboa), de acordo com informações da TF1. O cidadão franco-russo tinha partido do Azerbaijão e acabou por aterrar com o seu jato privado no aeroporto de Le Bourget, nos arredores de Paris, acompanhado por uma mulher e um guarda-costas. Foi de imediato detido pela polícia aeroportuária francesa.

Durov era alvo de um mandado emitido pelas autoridades francesas e há muito que não viajava para o país. A investigação diz respeito precisamente ao Telegram, já que as autoridades judiciais francesas consideram que Durov é cúmplice de crimes que só puderam ser concretizados devido às comunicações encriptadas da app, a facilitação do uso de criptomoedas através dela, a falta de moderação dos conteúdos e a recusa da empresa em colaborar com autoridades. Em concreto, para os procuradores franceses, o Telegram terá facilitados crimes de lavagem de dinheiro, abuso sexual de menores, terrorismo e tráfico de droga, entre outros.

Vindo de um voo que partiu do Azerbaijão, Pavel Durov aterrou em solo francês, país que tem andado a evitar por ter conhecimento do mandado que recaía sobre si. “Ele fez uma asneira esta noite”, disse à televisão francesa uma fonte próxima da investigação. “Não sabemos porquê. Seria só uma escala? De qualquer forma, está detido.” O CEO do Telegram vive atualmente no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

A investigação do Gabinete Nacional de Anti-Fraude francês já decorria há algum tempo. De acordo com a TF1, o franco-russo deverá agora ser presente a juiz e pode ser já formalmente indiciado por vários crimes este domingo. Tendo em conta o risco de fuga, preveem os analistas ouvidos pelo canal francês, o mais certo é que seja colocado em prisão preventiva.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo indicou que a embaixada em Paris estava a procurar esclarecer a situação de Durov e apelou às organizações não governamentais ocidentais que exijam a libertação do empresário.

A Rússia começou a bloquear o Telegram em 2018 depois da rede social ter recusado cumprir uma ordem judicial para dar aos serviços secretos o acesso às mensagens encriptadas dos seus utilizadores. Este bloqueio teve pouco efeito no acesso à aplicação. Depois da invasão da Ucrânia em 2022, o Telegram passou a ser uma das principais fontes de informação, nem sempre filtrada e fundamentada, sobre os dois lados do conflito. A plataforma tem sido vista pelos analistas como um “campo de batalha virtual”. É a preferida pelo presidente Volodymyr Zelensky, mas também é muito usada por dirigentes russos.

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